O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reconheceu nesta quinta-feira (20) o aumento expressivo no preço dos ovos e afirmou que pretende discutir o valor no mercado.
“Eu sei que o ovo está caro. Quando me disseram que está R$ 40 a caixa com 30 ovos, é um absurdo. Vamos ter que fazer reunião com atacadistas para discutir como é que a gente pode trazer isso para baixo”, disse Lula em entrevista à Rádio Tupi, do Rio de Janeiro.
Como sempre, o petista atribuiu a alta dos alimentos a problemas climáticos – e não há má gestão – e disse que fará reuniões com empresários para pactuar os preços no mercado interno. “O preço vai baixar, eu tenho certeza que a gente vai conseguir fazer com que o preço volte aos padrões do poder aquisitivo do trabalhador”, afirmou.
Lula também criticou o desequilíbrio entre exportação e abastecimento interno. “Queremos discutir com empresários que queremos que eles exportem, mas não pode faltar para o povo brasileiro”, completou.
O presidente mencionou a gripe aviária nos EUA como um dos fatores que impulsionaram a busca por ovos brasileiros. “O Brasil virou quase o supermercado do mundo. Nós queremos discutir com os empresários para que eles exportem, sem deixar faltar para o povo brasileiro”, disse.
Lula também destacou o impacto do dólar no mercado interno. “O fato de você estar vendendo o produto em dólar, que está alto, não significa que você tem que colocar no preço do brasileiro o mesmo preço que exporta”.
Preço do ovo atinge maior patamar em 22 meses
Segundo levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o preço da caixa com 30 dúzias de ovos saltou 61% no período, de R$ 134 para R$ 227. Entre os fatores que impulsionaram a alta estão o calor excessivo, o aumento do preço do milho e a proximidade da Quaresma, quando a demanda pelo alimento cresce.
Mudança nas regras para pequenos produtores
Em meio à alta dos preços, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) anunciou na terça-feira (18) uma alteração na norma de identificação de ovos, flexibilizando exigências para pequenos produtores. Agora, eles poderão usar embalagens lacradas com selo e data de validade em vez de carimbar cada unidade individualmente.
A portaria original, de setembro de 2024, obrigava a marcação individual, exigindo equipamentos específicos e tinta alimentar. A medida gerou forte reação de produtores familiares, que alegaram custos elevados e risco de impacto na oferta.
O ministro Carlos Fávaro justificou a mudança. “É uma alternativa momentânea até que o produtor tenha capacidade de imprimir no próprio ovo”, disse.
A flexibilização ocorre em meio à crise no abastecimento e à pressão para conter a inflação dos alimentos. A nova regra mantém o prazo de adequação até 5 de março de 2025, mas dispensa a marcação individual para ovos vendidos em bandejas fechadas de papelão ou plástico, permitindo que a data de validade conste apenas na embalagem.
Em 2024, o Brasil produziu 55,6 bilhões de ovos, sendo 20% provenientes de pequenas granjas, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).