Braço direito de Davi Alcolumbre (União) no Amapá, o deputado federal Vinícius Gurgel (PL-AP) destinou mais de R$ 37 milhões em emendas parlamentares a diferentes regiões em 2024. Desse total, cerca de R$ 15 milhões foram para o seu estado natal; enquanto mais de R$ 22 milhões acabaram nos cofres de prefeituras no Maranhão, na Bahia e no Ceará.

A reportagem identificou, por exemplo, que Gurgel preferiu investir milhões em serviços de saúde em municípios fora do Amapá, apesar de Macapá figurar como pior capital do país em acesso à saúde, saneamento e educação e também está em último num ranking dos 100 municípios mais populosos.

Sob a rubrica “manutenção da qualidade da oferta de serviços de saúde”, ele destinou recursos para a prefeitura maranhense de Pinheiro (R$ 5 milhões), as cearenses de Aracoiaba (R$ 1,43 milhão), Boa Viagem (R$ 5 milhões), Aquiraz (R$ 4 milhões) e Morrinhos (R$ 999 mil), além das baianas Esplanada (R$ 4 milhões), Mucugê (R$ 500 mil), Itabuna (R$ 999 mil) e Nilo Peçanha (R$ 999 mil).

O direcionamento de emendas para outros estados que não os de origem do parlamentar é um dos principais indícios usados pela Controladoria Geral da União (CGU) e pela Polícia Federal para investigar eventuais desvios de recursos. Gurgel já é investigado em inquérito que corre no Supremo por suposto envolvimento em direcionamento de licitação para serviços na BR-156. As emendas pix dos deputados do Amapá, que totalizaram R$ 50 milhões no ano passado — sendo R$ 6,4 milhões de Gurgel — também são alvo de pente-fino do Ministério Público Federal.