Por Newton Cannito*
O Tradicional Bloco Acadêmico do Baixo Augusta, liderado pelo ex secretário Ale Youssef, é um bloco Ativista. Ele fala de política e toma um partido. Defende uma causa, polariza, divide. Se voce é de direita ou simplesmente não é woke e gosta de diversidade de ideias, você não se sentirá a vontade para se divertir nesse bloco.
Lá é assim: você está sambando e, de repente, começa a lacração pela esquerda, com ativistas radicais dando sua lição de moral e usando o espaço da festa para pregar suas ideias políticas e sociais importadas dos EUA.
Esse é só o maior exemplo do aparelhamento político do Carnaval pela esquerda woke. Isso aconteceu em toda esfera cultural e os anos de Youssef na Secretaria de Cultura de SP orientaram toda a cultura para isso. Aline Torres optou por seguir a mesma agenda woke. Foi assim que toda cultura ficou aparelhada pela esquerda Woke, até o Carnaval.
Esse é o oposto do verdadeiro Carnaval que sempre teve política entre seus temas, mas zombava livremente de todos os lados. Se você odeia o Lula, zombe dele. Se você odeia o Bolsonaro, zombe dele. É assim que duas pessoas que zombam de lados opostos, acabam se divertindo juntas. O humor é uma forma de se comunicar sem brigar… e o que estamos recuperando na comunidade Utopia Brasil: a essência do Carnaval brasileiro. Nós não somos ativistas. Somos a(r)tivistas.
Ao zombar de todos democraticamente nós promovemos a união da nação pela festa.
Além disso, na Utopia Brasil, nós liberamos a fantasia. Nas festas da Utopia Brasil – ainda secretas, pois as pessoas têm medo de cancelamento – não tem chatice, nem mimimi. Você pode se fantasiar do que quiser que ninguém se magoa. Os wokes, como sabemos, não podem usar cocar pois supostamente ofenderá os indígenas. Ou, se for usar, como a Alessandra Negrini usou no Acadêmicos, tem que levar a Sonia Guadalajara ao lado para justificar.
Nada mais woke do que ter um amigo índio por perto para ter status. Lembro de uma entrevista à Folha em que o Ale Youssef, pai adotivo de uma criança negra, disse: “O meu lugar de fala é de pai de uma criança negra”. Seguindo essa lógica, a Negrini poderia dizer: “O meu lugar de fala é de parceira de uma importante liderança indígena” (woke, é claro).
Ou seja, é tudo baseado na carteirada do lugar de fala. Na Utopia Brasil não tem nada disso. Somos livres e iguais no Carnaval. Não tem carteirada de lugar de fala. Você é livre até para zombar ou homenagear quem você quiser.
Os wokes vivem criticando a apropriação cultural. Nós, tal como os brasileiros raiz, somos o oposto: adoramos uma apropriação cultural. Para nós, a apropriação cultural, é a base da nação brasileira. Oswald, nosso grande pró-festa tropical, definiu ela como Antropofagia. A antropofagia real dos povos indígenas virou antropofagia cultural, a capacidade de comer e ser comida, de virar o outro… E ir além de seu lugar de fala, é ser criativo e tropical.
Isso é o oposto de ser woke, ideologia que se apega a sua identidade e te obriga a ser uma identidade (o homem não pode interpretar mulher, uma mulher não pode interpretar um travesti, etc, etc.. ). No nosso Carnaval você pode e deve ser o outro. Seja o outro que te incomoda, seja o outro que você admira. Seja para homenagear, seja para zombar. Está tudo liberado.
Essa mania de se apegar à ofensa é muito woke e criou pessoas sensíveis e frágeis. Nós, tal como os selvagens de nossa nação, os verdadeiros originários, não nos ofendemos fácil.
Pois tal como é o brasileiro de raiz, nós somos difíceis de ofender. Aqui não tem mimimi. Você zomba de mim e do que eu acredito e eu quero que se f*d@. Temos até uma palavra que nos une, inspirada na Mestra Dercy Gonçalves: é o Fodaste! E nosso Namaste. Fodaste significa: O foda-se que habita em mim saúda o foda-se que habita em você. Se alguém te ofende, é fodaste nele. Damos risada e seguimos a vida. E assim, zombando um dos outros, nós ficamos amigos e voltamos a fazer o bom diálogo que acabou com os anos de polarização woke.
Nosso mandamento é: zombai-vos uns aos outros.
O Carnaval Woke, ao impedir a fantasia e o humor, virou apenas Ativismo Woke e Sexualidade, de preferência não hétero (pois hétero é sempre patriarcal e bla bla bla.
A fantasia ficou restrita. Em geral é, no máximo, ficar meio nua e se embelezar com brilhos. Mas a postura é de um ativista woke, atento a qualquer desvio de conduta. O woke, como já demonstramos, é um tipo de fascimo de esquerda, que gera pessoas autoritárias, rígidas e sem humor. O Bloco “Acadêmicos do Baixo Augusta” é isso: o fascismo de purpurina.
Se você cansou de Chatice e quer um Carnaval anti-chato, venha para a Utopia Brasil. Liberte-se e divirta-se!
* Newton Cannito é criador da Comunidade Utopia Brasil e fundador da Artistas Livres