João Luiz Fukunaga, presidente da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), recebe R$ 67.105,66 por mês no comando do fundo, que registrou um déficit de R$ 14 bilhões em 2024.
Além do salário na Previ, Fukunaga ocupa assentos em conselhos de grandes empresas. Ele faz parte do conselho de administração da Vale, onde a remuneração média de um conselheiro gira em torno de R$ 146,8 mil mensais, e também preside o conselho do GRU Airport, responsável pelo Aeroporto de Guarulhos. A empresa não divulga os valores pagos aos conselheiros.
A gestão de Fukunaga na Previ levou o Tribunal de Contas da União (TCU) a abrir uma auditoria emergencial na última quarta-feira (5). O ministro Walton Alencar Rodrigues citou “gravíssimas preocupações” com a administração do fundo e destacou que o “Plano 1” da Previ acumulou um prejuízo de R$ 14 bilhões entre janeiro e novembro de 2024.
Após a decisão do TCU, o deputado federal Jorge Goetten (Republicanos-SC) afirmou que pedirá ao tribunal o afastamento de Fukunaga. “Os números estão confirmando que, à frente desse fundo, o mais importante da América Latina, está uma pessoa despreparada, sem as competências necessárias para gerir. Estamos falando de mais de um quarto de trilhão de reais”, declarou o parlamentar.
O sindicalista assumiu a presidência da Previ em 2023, indicado pelo Banco do Brasil e aprovado pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). Ele é o primeiro sindicalista a comandar o fundo desde 2010, quando Sergio Rosa deixou o cargo.
Funcionário do BB desde 2008, Fukunaga é formado em História, com mestrado na área. Antes de assumir a Previ, liderou o Sindicato dos Bancários de São Paulo e foi coordenador da Comissão de Negociação dos Funcionários do BB, ligado à Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf).
Indicações políticas e afastamento da Previ
A nomeação de Fukunaga foi questionada na Justiça. Em 2023, o juiz Marcelo Gentil, da 1ª Vara Federal do Distrito Federal, determinou seu afastamento provisório da Previ. Em fevereiro de 2024, uma nova decisão judicial anulou o atestado de habilitação emitido pela Previc, alegando que Fukunaga não cumpria os requisitos técnicos exigidos por lei para ocupar o cargo.
A ação foi movida pelo deputado estadual Leonardo Siqueira (Novo-SP), que argumentou que o sindicalista não possui a experiência necessária em áreas como administração, contabilidade, fiscalização ou previdência.
Mesmo após essas decisões, em agosto de 2024, o TCU concluiu que não havia indícios de irregularidades na nomeação de Fukunaga. No entanto, determinou uma auditoria para apurar possíveis influências políticas nas decisões de investimento da Previ.