O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aumentou a pressão sobre o Ibama para liberar pesquisas voltadas à exploração de petróleo na Foz do Amazonas. Enquanto isso, o presidente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, disse que já está acostumado com a pressão do cargo.
A tensão em torno da liberação das pesquisas vem aumentando nos últimos tempos. Ao GLOBO, Agostinho disse que precisa ser justo no tema e tratá-lo de forma correta.
“Isso é normal. Se eu não gostasse de pressão, não estava fazendo o que eu faço. Eu preciso também ser justo. O presidente nunca me pressionou para isso, mas de tempos em tempos tem empreendimentos que são emblemáticos e a sociedade toda cobra uma resposta. Vejo isso com muita naturalidade”, afirmou.
Lula criticou a demora do Ibama na concessão da licença e afirmou que o órgão ambiental parece estar atuando contra o próprio governo.
“Não é que vou mandar explorar, eu quero que seja explorado. O que não dá é ficar nesse lenga-lenga, o Ibama é um órgão do governo e está parecendo que é um órgão contra o governo”, disse Lula em entrevista à Rádio Diário FM, de Macapá.
Rodrigo Agostinho tentou minimizar o tom da cobrança. Ele também destacou que, apesar das cobranças políticas, o órgão segue critérios técnicos e que a licença dificilmente sairá antes de março.
Exploração do petróleo
A exploração de petróleo na Margem Equatorial, região que inclui diversas bacias marítimas, tem sido um tema sensível dentro do governo. A Petrobras já apresentou um novo plano de emergências, e a expectativa de aliados de Lula é que a autorização para a pesquisa ocorra ainda no primeiro trimestre.
O projeto tem recebido forte oposição de ambientalistas, que alertam para riscos ao meio ambiente. O Ibama, até então, negou a licença para a perfuração do primeiro poço, localizado a 175 quilômetros da costa do Amapá e a mais de 500 quilômetros da foz do Rio Amazonas.
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou na semana passada que todas as exigências do Ibama já foram atendidas. Apesar da pressão política, Agostinho garantiu que a resposta final será exclusivamente técnica.
“Os servidores do Ibama são concursados, então mesmo que eu fizesse qualquer tipo de pressão sobre eles, eles têm a proteção do próprio cargo deles”, finalizou Agostinho.