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Pesquisa Atlas/Bloomberg dá o que pensar sobre estratégias de Lula e da oposição para 2026

* Leonardo Barreto
   12.02.2025

Pesquisa Atlas/Bloomberg publicada ontem (11) traz, até aqui, o estudo publicado mais completo sobre razões de formação de opinião sobre o governo Lula. Há dados para mexer com convicções tanto na esquerda quanto na direita.

Primeiro, há a confirmação que os indicadores de popularidade de Lula vêm caindo pelo menos desde dezembro/2024: 51,4% x 45,9% desaprovam o governo (detalhe: a desaprovação é numericamente maior em todas as regiões do país); 46,5% Ruim+Péssimo vs. 37,8% Ótimo+Bom; 51% Imagem negativa de Lula vs. 42% Imagem positiva (era 46% vs. 51% em dezembro);

As principais decisões erradas de Lula na opinião da população são (i) a taxa das blusinhas; (ii) comparar a ação de Israel na Faixa e Gaza ao Holocausto; (iii) fragilidade das contas públicas e (iv) nomeação de Flávio Dino para o STF.

Os principais acertos foram (i) retirar garimpeiros de terras indígenas; (ii) o programa Desenrola e (iii) a desoneração do IR para quem ganha até R$ 5 mil.

Os maiores problemas são a (i) criminalidade e o tráfico de drogas; (ii) corrupção; (iii) economia e inflação e (iv) extremismo e polarização.

Em relação à economia, 75,2% estão preocupados com a inflação.

A imagem da primeira-dama Janja é negativa para 58% (contra 32% de imagem positiva). Jair Bolsonaro tem a pior imagem entre os personagens testados (57% x 38%).

Nas simulações de segundo turno, hoje, Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, seria mais competitivo numa disputa contra Lula (estariam empatados em 45,7% contra 44,7% em favor do petista) do que o ex-presidente Jair Bolsonaro (47,6% x 43,4%).

Análise

Embora a inflação seja o tema do momento, ela aparece apenas como o terceiro principal problema do país, com 29% das menções. Criminalidade tem quase o dobro das menções, o que pode ser uma grande vantagem para a direita (Tarcísio e Ronaldo Caiado se esforçam para mostrar resultados neste tema);

Como o governo federal não atua diretamente na segurança púbica, Lula estaria em desvantagem para trabalhar esse tema. Ainda no campo das políticas públicas, o governo terá que se virar para entregar a isenção do IR para quem ganha até 5k. A população já considera a medida como um acerto da gestão… se ele não se materializar de verdade, haverá frustração…

Janja parece contaminar negativamente a imagem de Lula. Mas é interessante observar que questões ligadas à polarização política apareceram como erros do presidente e como quarto principal problema do país.

É curioso que, segundo informações veiculadas na mídia, o novo secretário de comunicação, Sidônio Palmeira, quer reforçar a polarização nas falas presidenciais, mantendo o ex-presidente Bolsonaro onipresente em todos os discursos de Lula… é de se questionar se isso pode ser considerado um verdadeiro acerto…

Está certo que Bolsonaro claramente é a pior opção da oposição para a eleição de 2026 e quem tem a pior avaliação… Mas mantê-lo vivo como principal adversário para 2026 parece trazer como efeito colateral a ideia de que a polarização não apenas vai continuar como é estimulada por Lula…

Aí cabe ao governo calcular a relação de custo x benefício dessa estratégia.

* Leonardo Barreto é doutor em Ciência Política (UnB) e sócio da consultoria Think Policy.

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