O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou que recorreu ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para conseguir ser recebido pelos comandantes das Forças Armadas durante a transição de governo em 2022. A declaração foi dada na noite desta segunda-feira (10) em entrevista ao programa Roda Viva.
Segundo Múcio, os chefes militares resistiram a dialogar com ele no período de transição, o que o levou a procurar Bolsonaro, com quem sempre manteve uma boa relação.
“Fui falar com ele: ‘Sou o novo ministro da Defesa, queria que você me ajudasse a fazer uma transição tranquila. Vai ser bom para o novo governo, vai ser bom para o seu governo que está terminando’”, relatou.
De acordo com o ministro, Bolsonaro atendeu ao pedido e entrou em contato com os comandantes das Forças Armadas, com exceção do então chefe da Marinha, almirante Almir Garnier, que se recusou a recebê-lo. Garnier, segundo relatos à Polícia Federal, teria colocado as tropas da Marinha à disposição do ex-presidente caso houvesse uma tentativa de impedir a posse de Lula por vias jurídicas.
Múcio também elogiou os militares por sua postura diante dos eventos de 8 de janeiro de 2023, quando houve invasões às sedes dos Três Poderes. O ministro afirmou que o Brasil “deve” às Forças Armadas o fato de a tentativa de golpe não ter se concretizado.
“Do dia 8 até abril, eu me senti órfão. Porque a direita estava zangadíssima, pois os militares não aderiram ao golpe, e a esquerda, muito zangada, achava que os militares tinham criado aquele golpe”, declarou.
No governo Lula, há quem credite à primeira-dama Janja um papel decisivo para evitar a tentativa de golpe. Segundo aliados do presidente, sua atuação impediu a decretação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que daria às Forças Armadas o controle da segurança na Esplanada dos Ministérios.