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Pediatra foragido por estupro de crianças: até quando a justiça falhará?

Semanalmente eu publico uma coluna aqui no site falando sobre economia, finanças e investimentos. Hoje eu abri uma exceção e agradeço muito a Claudio Dantas por ceder o espaço para uma coisa pessoal.

Sou parente da primeira vítima que teve coragem de denunciar o pediatra-estuprador de crianças Fernando Paredes Cunha Lima. Hoje, escrevo esta carta aberta não apenas em nome da minha família, mas em nome de todas as vítimas silenciadas pelo medo, pela dor e, principalmente, pela omissão de um sistema que deveria protegê-las.

Senhoras e Senhores que detêm o poder da Justiça, da Segurança Pública e da Governança do Estado (em especial da Paraíba),

Até quando precisaremos gritar para sermos ouvidos por justiça?

Até quando a impunidade será o reflexo de um sistema que deveria proteger e não desamparar?

Hoje eu sou obrigado a escrever esta carta, não por escolha, mas pela indignação que pulsa em mim e em cada membro das famílias das vítimas de um médico pediatra maníaco sexual. Estamos gritando desde julho de 2024 e a indignação apenas cresce a cada dia em que o pediatra Fernando Cunha Lima, indiciado por estuprar seis crianças em seu consultório (fora os casos que já prescreveram e os que não tiveram coragem ainda de denunciar), permanece foragido. Hoje já faz 3 meses da fuga do maníaco do consultório e por isso resolvi escrever essa carta aberta para, ao mesmo tempo, desabafar e cobrar as autoridades paraibanas que foram muito eficientes e eficazes na tarefa de deixar o criminoso escapar.

Sim, já se passaram três meses desde que o Tribunal de Justiça da Paraíba, por intermédio do sempre responsável, corajoso e indiscutivelmente ilibado Desembargador Ricardo Vital, finalmente decretou a prisão preventiva de Fernando Cunha Lima, em 5 de novembro de 2024. Infelizmente, para as vítimas, mas felizmente para o criminoso, isso só ocorreu após a vergonhosa, com todo o respeito, negativa de cinco pedidos de prisão pelo ex-juiz e agora desembargador José Guedes Cavalcanti Neto – ou, como é carinhosamente chamado pelos advogados do criminoso, “Zé Guedes”. Já são três meses em que o criminoso, protegido por seu sobrenome e pela rede de influência de uma parte irrelevante e inescrupulosa da poderosa família Cunha Lima (a parte boa está conosco, até porque também foram vítimas), continua livre, enquanto as vítimas enfrentam o trauma, a dor e o abandono por parte do estado da Paraíba.

A decisão do Desembargador Ric Vital, digo Ricardo Vital, é uma aula de seriedade e cuidado com as vítimas, conforme você pode ver no vídeo abaixo, caso tenha interesse:

Vídeo com o voto do Desembargador Ricardo Vital do TJ-PB, que discordou e confrontou frontalmente a decisão do então juiz Zé Guedes

Nesta aula magna do Ilustríssimo Desembardador Ricardo Vital, podemos perceber o tamanho do erro do juiz que negou os pedidos de prisão preventiva. A decretação da prisão preventiva deveria ter sido feita há muito tempo, pelo então juiz Zé Guedes. Ricardo Vital deu uma mentoria gratuita ao seu agora colega desembargador Zé Gudes.

(Desembargador Vital, teremos sempre uma dívida incomensurável e impagável com você. Muito obrigado de verdade!)

Mas voltando ao ponto central, com isso, alguns questionamentos podem ser levantados:

  • Como um criminoso indiciado por crimes tão hediondos conseguiu fugir com tamanha facilidade?
  • Como explicar que, mesmo após diversas denúncias e provas consistentes, a o juiz José Guedes Cavalcanti Neto negou reiteradamente os pedidos de prisão, alegando “falta de provas concretas” e até mesmo considerando o “estado de saúde frágil” de um homem que claramente estava lúcido o suficiente para cometer os crimes 2 meses antes e ainda planejar e executar sua fuga?

Com todo o respeito, porque todo mundo é falível e sujeito a erros, mas errar assim 5 vezes? Isso quase daria para pedir música no Fantástico 2 vezes!

Eu prefiro não acreditar nessas supostas “teorias da conspiração” (ou hipóteses?) que muita gente me conta sobre a justiça e polícia paraibana, para não perder o foco; talvez eu seja ingênuo demais, mas muita gente sempre me alerta que esse caso pode ir muito além da falta de competência técnica necessária; beirando a conivência.

Porém… eu também não acaredito em bruxas, mas que elas existem elas existem… Por isso é sempre importante questionar decisões de juízes. Eles não são donos da verdade. Os juízes são pagos com o nosso dinheiro suado para nos proteger. Sem contar que a justiça é, muitas vezes, injusta – ou muito injusta, como foi conosco. Questione!

Para piorar a situação das vítimas e seus familiares, curiosamente, o juiz José Guedes Cavalcanti Neto, responsável por manter o Maníaco do Consultório em liberdade por tanto tempo, foi promovido a desembargador.

Veja na imagem abaixo. Não estou delirando.

Ele errou. Errou muito. Errou feio. Errou grave. Errou rude. O juiz errou 5 vezes consecutivas e ainda assim foi promovido?

Na vida real, fora do Monte Olimpo do serviço público, em empresas bem sucedidas que geram valor para a sociedade, uma pessoa que comete erros daquela magnitude nunca seria promovida. Muito menos por “antiguidade”. A pessoa receberia, no mínimo, um grande puxão de orelha – se não fosse demitida.

Ou será que não estamos falando de Justiça, mas sim de um museu sem muitas novidades, em que peças mais antigas têm mais valor? Talvez por isso, Fernando Cunha Lima, com seus quase 300 anos de idade e impunidade, está livre.

Estamos falando da vida das pessoas. Estamos falando (supostamente) de Justiça! Isso não pode fazer sentido num país sério!

Todavia, o que podemos dizer (ou esperar) de um sistema que permitiu que isso acontecesse?

  • Por que o juiz José Guedes Cavalcanti Neto negou cinco vezes a prisão preventiva, mesmo diante da gravidade dos crimes e das evidências contundentes apresentadas pela Polícia Civil da Paraíba e pelo Ministério Público da Paraíba?
  • Por que esse mesmo juiz, que falhou em proteger crianças vulneráveis, foi promovido a desembargador enquanto o criminoso que ele manteve livre fugia impunemente?
  • Por que a Polícia Civil da Paraíba, mesmo sabendo do risco de fuga, não adotou medidas básicas de vigilância? Quem deveria solicitar não solicitou? De quem era a responsabilidade?

A priori, as famílias das vítimas parecem não ter muita incerteza sobre as respostas: negligência, omissão e, espero que não, conivência.

O sistema privilegia criminosos como Fernando Cunha Lima, seus parentes próximos tão criminosos quanto ele e demais “autoridades” que o protegem

O caso de Fernando Cunha Lima não é um erro isolado da (in)Justiça paraibana. É um sintoma de um sistema que privilegia o poder e abandona as vítimas. Um sistema onde juízes promovidos, autoridades silenciosas e uma rede de influência política e empresarial protegem estupradores, assassinos e outros criminosos enquanto as famílias das vítimas lutam sozinhas e sem o devido apoio do Estado.

 

Caso do Maníaco Fernando Cunha Lima: o Estado é o nosso maior problema?

Enquanto a Justiça bloqueia bens de Fernando Cunha Lima que misteriosamente continuam sendo vendidos em dinheiro vivo, enquanto provas desaparecem e promotores do Ministério Público declaram “apreço” pelo criminoso devido aos “serviços prestados”, as vítimas lutam para sobreviver não apenas ao abuso, mas à revitimização do próprio Estado, que não dá suporte algum a elas.

A Secretaria de Segurança Pública e a Polícia Civil da Paraíba também devem explicações, apesar de reconhecermos o excelente trabalho que foi feito até agora:

  • A investigação está parada? Se sim, por quê?
  • Cadê a coletiva de imprensa que foi prometida pelo Superintendente Regional Cristiano dos Santos Santana?
  • Por que houve uma troca repentina de delegados? Essa troca prejudicou o andamento do caso? A delegada Isabela Emanuela, que conduziu diligências importantes, foi substituída sem uma justificativa pública.

E ao Governador João Azevedo, perguntamos: onde está o apoio do Estado às vítimas? Enquanto o senhor parece não saber o que está acontecendo, famílias enlutadas e destruídas emocionalmente buscam psicólogos, advogados e apoio entre si, sem qualquer respaldo do estado que deveria protegê-las – mas não protege; pune com revitimização.

Além disso, as próprias famílias se juntaram para oferecer uma recompensa de R$ 10 mil para quem tiver informações que levem à prisão do estuprador de crianças Fernando Paredes Cunha Lima. Cadê o governo da Paraíba agindo para dar surporte às vítimas, governador?

Este não é apenas um pedido de justiça. É um clamor!

  • Por que a Justiça mais cara do mundo falha em proteger as nossas crianças?
  • Por que vítimas precisam ter medo da Justiça que deveria acolhê-las?
  • Por que, enquanto estupradores são protegidos, as vítimas são silenciadas?

São tantas perguntas sem a resposta adequada…

Esta carta é um grito de revolta. Mas também é um aviso aos criminosos e autoridades: somos milhões. Enquanto um criminoso foge, com a ajuda de “autoridades”, milhões de indignados se levantam. Vocês podem ignorar algumas denúncias. Podem tentar silenciar um ativista. Mas não podem calar uma sociedade inteira. Nunca poderão!

Será que a população agredida e esquecida pelas autoridades terá que ser a sua própria Justiça, prezadas autoridades da Paraíba?
Se o Estado falha, se a Justiça se esconde, quem ou o que nos resta? A barbárie? É isso que o estado da Paraíba quer?

Fernando Cunha Lima pode se esconder, mas sua impunidade jamais será invisível. 
A cada dia em que ele estiver foragido, nossa voz será mais alta.
A cada tentativa de nos calar, nossa luta será mais forte.

Porque esses criminosos podem ser poucos.
Mas nós somos milhões de indignados com tanta impunidade.
E não descansaremos até que a Justiça seja feita.

Vamos até o fim. Custe o que custar!

Compartilhe esta carta. Faça sua voz ser ouvida. A justiça só existe quando é para todos!

Se você foi vítima de algum abuso. Não sofra sozinho. Denuncie! 

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Felipe Pontes

Felipe Pontes

Respostas de 2

  1. Parabéns pela atitude! A polícia não fez o seu dever que é manter a sociedade segura! Hoje ele está livre, quando menos esperar estará preso!
    A justiça divina não falha! Imagina o Psicológico desse cara sem dormir! Me lembrou a série dos ladrões do BC de Fortaleza. Teve um deles que não aguentava mais se esconder! Garanto que o mesmo acontecerá com esse LIXO!

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