O Banco Central (BC) admitiu que pode descumprir a meta de inflação em junho de 2025. A informação está na ata do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada nesta terça-feira (4.fev). O novo regime de metas prevê um objetivo de 3%, com margem de até 4,5%. Caso o índice ultrapasse esse teto por seis meses consecutivos, a meta será oficialmente descumprida.
A mudança na metodologia ocorreu em 2024, quando o Conselho Monetário Nacional (CMN) adotou um regime contínuo, substituindo o modelo anual. O IPCA fechou 2024 em 4,83%, dentro da meta antiga.
O Copom citou três fatores principais para a alta dos preços:
• Aumento dos alimentos, impulsionado pela estiagem e pelo “ciclo do boi”;
• Alta do dólar, que encarece bens industrializados;
• Inflação dos serviços, ainda acima do nível considerado adequado.
“Se concretizadas as projeções, a inflação acumulada em 12 meses ficará acima do limite da meta nos próximos seis meses”, diz o documento.
O decreto de 2024 permite que o CMN altere a meta de inflação e o intervalo de tolerância, desde que com 36 meses de antecedência. O próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia classificado a meta de “exigentíssima” e “inimaginável”.
A nova regra obriga o BC a explicar oficialmente qualquer descumprimento. A instituição deverá publicar uma carta ao Ministério da Fazenda, detalhando os motivos e as medidas adotadas para trazer a inflação de volta ao limite. Caso as ações não sejam suficientes, o BC precisará divulgar novas justificativas.