Parece que a Polícia Federal embaralhou as investigações sobre o 8 de janeiro, que o STF insiste em chamar de tentativa de golpe. Em entrevista ao Roda Viva, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, disse que não conseguiu identificar um grupo coeso de financiadores dos atos violentos.

Prestem atenção ao que ele diz: “Muitas vezes, na expectativa de algumas pessoas, haveria um ou dois, ou um grupo de mega-financiadores com vários milhões para essa atuação orquestrada para o golpe de Estado (…) A investigação provou que não, pelo menos nós não conseguimos identificar que isso tenha acontecido.”

De novo, de outra forma: “O que havia, sim, era esse financiamento disperso onde uma pessoa fornecia determinado insumo, outra uma questão logística, outra recursos e isso está lá apontado no inquérito policial (…) Portanto, sim, nós responsabilizamos os financiadores.”

Bom, se não havia um grupo de financiadores, como a PF pode dizer que havia um grupo de planejadores ou de organizadores? Como a PF pode dizer que havia uma organização criminosa? Como vai dizer que há um mandante, ou autor intelectual, por trás de tudo? Que houve um plano?

Sem financiamento coordenado, fica evidente que tivemos, na realidade, pessoas que se voluntariaram para pagar passagens e diárias de grupos de amigos e conhecidos, da turma da escola, da comunidade, da paróquia, para vir a Brasília protestar.

Uma massa de gente insatisfeita com os rumos do país, com a descondenação e a reabilitação política de Lula e com a interferência do TSE no jogo eleitoral. No meio dessa gente, claro, alguns radicalizados, agitadores, gente que depredou patrimônio público. Isso já aconteceu outras vezes na história recente, nunca na proporção alcançada, talvez pela entrada facilitada desses radicais nas sedes dos Poderes.

O que vimos em 8 de janeiro de 2023 foi no máximo uma revolta popular, e desarmada. Qualquer coisa além disso é distopia, invenção, canalhice. Parabéns à PF.