A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) acusou o regime de Nicolás Maduro de promover “terrorismo estatal” para silenciar opositores e controlar a população. Em relatório divulgado na terça-feira (7), o órgão declarou a reeleição de Maduro ilegítima e destacou graves violações de direitos humanos no contexto eleitoral.
Segundo o relatório, o regime chavista utiliza execuções extrajudiciais, desaparecimentos forçados, detenções arbitrárias, tortura e censura para incutir medo. Entre os exemplos citados, estão discursos intimidatórios de Maduro, como a ameaça de um “banho de sangue” caso a oposição assuma o poder, e a Operação Tun Tun, que simboliza a perseguição a críticos do regime.
Maduro também usou referências musicais para ridicularizar opositores, como na canção natalina que menciona o presídio de Tocorón. Além disso, Diosdado Cabello, hoje ministro do Interior, afirmou publicamente que jornalistas seriam presos durante ações repressivas.
A CIDH destacou que o regime impediu a participação da oposição nas eleições presidenciais de 2024. Embora o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) não tenha divulgado resultados oficiais, a oposição compilou 80% das atas e aponta vitória de Edmundo González com 67% dos votos.
Na última terça-feira (7), Enrique Márquez, ex-vice-presidente da Assembleia Nacional, foi sequestrado, segundo denúncia da ONG Un Mundo Sin Mordaza. Márquez havia contestado a decisão que validou a reeleição de Maduro e prometido recorrer ao Supremo Tribunal de Justiça.
Na quinta-feira (9), a líder opositora María Corina Machado foi detida durante um protesto contra a ditadura, mas foi libertada horas depois.
A posse de Maduro para um novo mandato está marcada para esta sexta-feira (10), sob acusações de fraude eleitoral e boicote de diversos países. A CIDH e nações estrangeiras condenam o regime como opressor e ditatorial. O Brasil, entretanto, enviará uma embaixadora ao evento, representando o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Dados do relatório da CIDH:
- Violações documentadas: execuções extrajudiciais, desaparecimentos, tortura e censura.
- Eleição contestada: oposição reivindica vitória com 67% dos votos, enquanto regime mantém silêncio sobre resultados oficiais.
- Repressão contínua: líderes opositores presos ou perseguidos.
A comunidade internacional pressiona por respostas, enquanto a Venezuela segue mergulhada em uma crise de legitimidade e repressão.