O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT), afirmou que “assinar a carteira de trabalho” não significa o término do pagamento do Bolsa Família. “Na verdade, o objetivo é alcançar a superação da pobreza”, declarou o ministro em entrevista ao programa “Bom Dia, Ministro”, do CanalGov, nesta terça-feira (15).
Das 20,6 milhões de famílias inscritas no Bolsa Família, 7 milhões recebem dinheiro do programa há 10 anos ou mais, de acordo com dados de fevereiro de 2025 obtidos pelo site Poder360. Esse número representa 34,1% do total e mostra a dificuldade que algumas parcelas da população têm em deixar de depender do Estado para se manter.
Os dados foram obtidos pelo portal via Lei de Acesso à Informação (LAI), com cruzamento de informações do Ministério do Desenvolvimento Social.
Ao ser perguntado sobre esses dados, Wellington Dias afirmou que o número dos que recebem dinheiro do programa há 10 anos ou mais “já foi bem maior”. O ministro disse que o cenário “representa um desafio” para o governo, mas que é “animador”.
“Nós chegamos [no governo] e tinha aproximadamente 14 milhões de pessoas que a vida inteira, praticamente, permaneciam no Bolsa Família. Há o lado bom, 5,3 milhões –de 2023 a 2024, um tempo muito curto– de famílias, aqui eu estou falando de mais ou menos 20 milhões de pessoas, que saíram da pobreza”, declarou o ex-governador petista do Piauí.
“Agora, quem entra no Cadastro Único do Bolsa Família, só sai para cima, como se diz. Só sai [quando atinge] uma renda de superação da pobreza. Quando perde essa renda, volta automaticamente [para o programa]”, completou o ministro.
Dias disse também que “não dá para dizer” que os beneficiários do Bolsa Família “não querem” trabalhar. “Agora, querem emprego decente, querem um emprego que tenha uma renda adequada”, disse.
“Veja os dados de janeiro e fevereiro, são mais 374 mil [de beneficiários] que já estão trabalhando. Não estavam trabalhando nem 2022, nem 2023, nem em 2024. E, agora, entrou o ano com carteira assinada, trabalhando. E um dado interessante: uma boa parte empregos [são] bons. Quando a gente pensa no povo do Bolsa Família, do Cadastro Único, pensa em pessoas de baixa escolaridade, não é mais”, declarou o ministro.
“São muitas pessoas de nível superior. Até 10% da população economicamente ativa do Bolsa Família são de nível superior ou está fazendo [curso de nível superior]”.
De acordo com ele, as mudanças feitas no governo Lula buscam dar “um colchão de segurança” para que os beneficiários se concentrem “em procurar um emprego” que possa tirá-los da pobreza. “Se alguém da classe média quer crescer, imagina alguém do Bolsa Família”, afirmou Dias.
Segundo o ministro, o objetivo da gestão petista é que as pessoas deixem a pobreza. “Queremos uma classe média cada vez maior”, declarou.