A USaid, agência de ajuda humanitária dos EUA, destinou mais de US$ 20,6 milhões (cerca de R$ 118 milhões) a projetos no Brasil no ano fiscal de 2024. A maior parte dos recursos foi aplicada em supostos programas ambientais e apoio a populações vulneráveis. No entanto, o congelamento de verbas imposto pelo governo Trump pode interromper esses financiamentos.
Os dados, obtidos na plataforma oficial ForeignAssistance.gov, abrangem o período de 1º de outubro de 2023 a 30 de setembro de 2024. Mais de US$ 11,4 milhões (55,56%) foram repassados a instituições e empresas internacionais, enquanto apenas 15,33% (US$ 3,1 milhões) chegaram a ONGs brasileiras. Outros US$ 3,6 milhões (17,44%) foram destinados a organizações internacionais com filiais no Brasil, como a WWF-Brasil.
Além disso, US$ 2,4 milhões (11,67%) foram repassados a entidades não especificadas. A legislação americana Foreign Aid Transparency and Accountability Act, de 2016, permite que a USaid omita detalhes de repasses em certos casos, alegando segurança e interesses nacionais.
Os valores declarados não incluem repasses indiretos. O International Fund for Public Interest Media (IFPIM), por exemplo, recebeu apoio da USaid e, em 2023, financiou veículos jornalísticos no Brasil, como Nexo e Marco Zero Conteúdo. Essas doações não foram listadas no relatório oficial da agência.
Quem mais recebeu dinheiro da USaid?
O CGIAR (Grupo Consultivo para Pesquisa Agrícola Internacional) lidera a lista, com US$ 6,4 milhões recebidos para projetos até 2026. O grupo, que tem parceria com a Embrapa, evitou detalhar as ações realizadas no Brasil.
Já o CIFOR-ICRAF (Centro Internacional de Pesquisa Agroflorestal) recebeu mais de US$ 2,7 milhões para pesquisas na área agrícola. Com o congelamento das verbas, o programa pode ser encerrado.
A relação da USaid com entidades e projetos no Brasil segue cercada de questionamentos, especialmente diante das acusações de interferência política e influência sobre instituições estratégicas.