Lula teve muita sorte em 2022, além de uma mãozinha da cúpula do Judiciário. O resultado das urnas desta eleição municipal indica que o brasileiro foi bombardeado com uma narrativa falaciosa de que a eleição do petista seria um ato fundamental de defesa da democracia, que estaria em risco com Jair Bolsonaro. Outros argumentos repetidos de forma incessante sugeriam que o Brasil vivia uma crise econômica, um desastre ambiental e um genocídio indígena.

Um ano e meio depois da posse, todas essas narrativas foram desconstruídas pelos fatos. Pior, os fatos de hoje indicam que a ameaça à democracia vem de Lula e da cúpula do Judiciário. O que dizer em relação aos dados econômicos, considerando o déficit fiscal e os recordes de focos de incêndios e mortes de indígenas. O brasileiro, consciente hoje de que foi traído e enganado, iniciou ontem sua vingança, mas de forma absolutamente republicana, na melhor versão do “eu vou foder o Lula”.

Esse eleitor não é propriamente bolsonarista ou de direita, mas está cansado da incompetência da atual gestão, travestida no discurso woke que pretende silenciar a opinião de quem pensa de forma independente e livre, de quem prega a tolerância enquanto exerce a intolerância. PT e PSOL se tornaram protagonistas de uma agenda política disfórica e artificial, que não considera os valores da própria sociedade que diz representar. Por isso, foram massacrados nas urnas.

Gleisi Hoffmann tenta relativizar a derrota, afirmando que o partido está em reconstrução. Mas não há como reconstruir uma casa em ruínas.

Quando morrer, Lula levará o PT junto e o PSOL, que vinha sendo gestado para substituí-lo, será abortado com a derrota de Guilherme Boulos em São Paulo no segundo turno. Sem prefeituras e com número de vereadores inexpressivos, terão dificuldade de eleger parlamentares e podem, com alguma sorte nossa, ser banidos da política pelo eleitor em 2026, caso não atinjam a cláusula de barreira. Posso estar sendo otimista demais, mas o brasileiro está acordando.