O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chamou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de “ditador” nesta quarta-feira (19). A fala do republicano, feita em sua rede social, Truth Social, foi uma resposta a um comentário de Zelensky, que havia afirmado que Trump vivia em um “espaço de desinformação” russo, sugerindo que o presidente dos EUA se alinha a narrativas propagadas pela Rússia sobre a guerra.
Trump também se referiu a Zelensky como “comediante”, profissão que o ucraniano exerceu antes de entrar para a política. O republicano afirmou que Zelensky convenceu os EUA a destinarem US$ 350 bilhões a uma guerra que, segundo ele, “não poderia ser vencida” sem o apoio dos Estados Unidos.
Além disso, Trump completou dizendo que os EUA gastaram US$ 200 bilhões a mais do que a Europa em ajuda à Ucrânia, e criticou Joe Biden por não exigir uma contrapartida por esse financiamento.
No mesmo post, Trump sugeriu que, sem um acordo que os americanos começaram a negociar com os russos, a Ucrânia corre o risco de “não ter mais um país”. A declaração reforça a postura do presidente dos EUA de que um acordo com os russos poderia colocar fim à guerra e salvar a Ucrânia.
Já a expressão “ditador sem eleições”, usada por Trump, é uma referência ao fato de que uma nova eleição presidencial deveria ter sido realizada em 2024 na Ucrânia, mas isso não ocorreu porque o país está sob lei marcial, que impede a realização de eleições enquanto estiver em vigor.
Sobre a alegação de Trump de que metade do dinheiro enviado pelos Estados Unidos “desapareceu”, é possível que ele tenha se baseado em declarações de Zelensky em uma entrevista recente à agência Associated Press (AP). Na ocasião, o presidente ucraniano falou sobre discrepâncias em algumas cifras relacionadas ao auxílio externo que era divulgado.
Representantes dos EUA e da Rússia se reuniram nesta semana para discutir um possível fim do conflito, mas nem Kiev nem países europeus foram convidados para participar das negociações.
Zelensky já afirmou que qualquer acordo firmado entre Washington e Moscou sem a participação da Ucrânia não será aceito, criticando a iniciativa de diálogo de Trump, que, de acordo com o presidente ucraniano, não representa os interesses da Ucrânia na guerra.
A troca de acusações entre Trump e Zelensky teve repercussão internacional. O chanceler alemão, Olaf Scholz, e o Secretariado Geral da ONU reagiram às declarações do presidente dos EUA, enfatizando que Zelensky foi eleito democraticamente e que a ausência de novas eleições se deve à lei marcial vigente na Ucrânia.
Confira a declaração completa de Trump:
“Pense nisso: um comediante modestamente bem-sucedido, Volodymyr Zelenskyy, convenceu os Estados Unidos da América a gastar 350 bilhões de dólares para entrar em uma guerra que não poderia ser vencida, que nunca deveria ter começado, mas uma guerra que ele, sem os EUA e “TRUMP”, nunca será capaz de resolver. Os Estados Unidos gastaram 200 bilhões de dólares a mais do que a Europa, e o dinheiro da Europa está garantido, enquanto os Estados Unidos não receberão nada de volta. Por que o Sleepy Joe Biden não exigiu uma Equalização, já que essa guerra é muito mais importante para a Europa do que para nós — temos um grande e belo oceano como separação. Além disso, Zelenskyy admite que metade do dinheiro que enviamos a ele está “DESAPARECIDO”. Ele se recusa a realizar eleições, está muito mal nas pesquisas ucranianas, e a única coisa que ele fazia bem era manipular Biden “como um violino”. Um ditador sem eleições, Zelenskyy é melhor se mover rápido ou não vai ter mais um país. Enquanto isso, estamos negociando com sucesso o fim da guerra com a Rússia, algo que todos admitem que só “TRUMP” e a administração Trump podem fazer. Biden nunca tentou, a Europa falhou em trazer a paz, e Zelenskyy provavelmente quer manter o “trem da bonança” funcionando. Eu amo a Ucrânia, mas Zelenskyy fez um péssimo trabalho, seu país está destruído, e MILHÕES morreram desnecessariamente – E assim continua…”.