O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, decidiu permanecer no cargo após um apelo de Lula (PT). O presidente teme que a crise com as Forças Armadas se agrave, especialmente com as investigações sobre uma suposta tentativa de golpe. A reunião que selou a permanência ocorreu na última sexta-feira (31), no Palácio do Planalto.
Fontes próximas ao governo afirmam que a saída de Múcio poderia gerar um novo desgaste com os militares e dificultaria a já complicada reforma ministerial que Lula articula para acomodar partidos do centrão.
Múcio assumiu o ministério ainda na transição de governo, sob a condição de que não ficaria até o fim do mandato.
“A questão diplomática interfere na Defesa. Houve uma licitação, os israelenses venceram, mas, por questões da guerra e pressões políticas, não podemos aprovar”, disse Múcio em evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A declaração irritou a ala ideológica do governo, que desde o início defende a saída de Múcio.
A insistência de Múcio em deixar o cargo levou Lula a considerar vários nomes para substituí-lo, incluindo Geraldo Alckmin, Alexandre Padilha e até o ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. No entanto, pressões de comandantes militares e ministros do STF levaram Lula a desistir da mudança.
Por ora, Múcio segue no cargo, mas sua permanência dependerá da nova fase da crise entre o governo e as Forças Armadas.