O cientista político, Paulo Kramer afirmou no programa Alive desta quinta-feira (1º) que há um movimento entre presidenciáveis da direita para obter apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, ao mesmo tempo em que esperam sua inelegibilidade.
“Existe uma torcida por parte dos outros presidenciáveis de direita que querem a bênção, querem a unção do Bolsonaro, mas torcem para que o Bolsonaro se torne inelegível, procurando então isolar a situação dos presos e perseguidos políticos do 8 de janeiro, da situação do Bolsonaro”, disse.
Segundo Kramer, esses políticos não conseguem enfrentá-lo diretamente. “O Bolsonaro pode ir para a cadeia, pode ficar à mercê de ameaças de morte do PCC dentro da prisão, e abrir caminho para que esses presidenciáveis lutem entre si, porque contra o Bolsonaro eles não conseguem lutar, porque o Bolsonaro é, gostem ou não, a maior liderança de direita do Brasil.”
Kramer defendeu mudanças no Senado como forma de controle institucional. “A solução que eu vejo é no ano que vem as pessoas tomarem consciência de que precisam eleger bons senadores, senadores sem rabo preso, porque é o Senado que constitucionalmente pode pôr um freio nisso, pode, por exemplo, impechar ministros do Supremo.”
Leonardo Corrêa, presidente da Lexum explicou que a Lexum não atua diretamente com ações judiciais para evitar conflitos de interesse entre seus membros. “Se a Lexum começa a judicializar, ela pode incomodar algumas dessas pessoas que são importantes para defender os princípios que a gente acredita. Não faz o menor sentido a Lexum ser quem congrega e, ao mesmo tempo, quem propõe as noções.”
Corrêa também comentou sobre o modelo jurídico americano. “A Suprema Corte dos Estados Unidos só julga quem cede de recurso. Aqui a gente bate direto na porta do Supremo com qualquer questão. O que acontece é que a causa não ganha amadurecimento.”
A advogada Carol Sponza afirmou que, embora muitas medidas do atual governo tenham sido questionadas judicialmente no início do mandato, o grupo tem escolhido com mais cautela quais ações apresentar. “Agora a gente está diminuindo, não que os desastres desse governo tenham diminuído, mas a gente tem escolhido o que comprar de briga.”
Sponza também destacou o papel de conscientização dessas ações. “Existe um papel muito importante dessas ações de mostrar para a sociedade que a oposição está viva, está trabalhando. O que os poderosos querem, o que o STF quer, é que a gente tenha medo e se cale.”
As falas ocorreram em meio à discussão sobre o uso do STF por partidos para interferência em pautas políticas. O líder da oposição na Câmara dos Deputados, Zucco (PL-RS), mencionou durante a semana a importância da pauta da anistia e a coleta de assinaturas para a CPI do INSS. Ele também citou a manifestação do deputado Hugo Motta, que criticou o excesso de judicializações por partidos políticos.