O deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO) denunciou supostas irregularidades no programa Cozinha Solidária e propôs a criação da “CPI das Quentinhas” para investigar ONGs ligadas a parlamentares. Segundo o deputado, entidades receberam recursos milionários para distribuir refeições a pessoas em situação de vulnerabilidade, mas não prestaram o serviço conforme previsto.
“É uma CPI das quentinhas invisíveis. O programa no papel é bonito, mas na prática, serve para abastecer parlamentares, assessores e seus bolsos”, afirmou o parlamentar em entrevista a Cláudio Dantas, no programa diário Alive. Ele destacou que já conseguiu mais de 60 assinaturas para a instalação da comissão e espera reunir o número necessário para iniciar as investigações.
Chrisóstomo citou que assessores de ONGs ligadas a parlamentares teriam admitido não ter distribuído refeições conforme prometido. “Assessores da Cozinha Solidária Madre Teresa e da Cozinha Solidária Pela Fé confirmaram que, em dezembro, não houve distribuição das quentinhas, mas os recursos já haviam sido repassados”, disse. Isso é, os próprios funcionários ligados ao PT revelaram a inconsistência.
A denúncia aponta que o esquema envolve diretamente a família do deputado petista Nilto Tatto e o líder do MTST, Guilherme Boulos, que teria direcionado R$ 200 mil ao projeto. “Nos parece que a coisa está toda errada. O nome é bonito, mas a prática é feia”, criticou o deputado.
Entre as entidades também suspeitas, Chrisóstomo citou a Ovelha de Parque (São Paulo), a Associação Plenitude do Amor (Salvador), a ONG Mãe Terra (Recife) e a Casa de Apoio Social R&A (Anápolis-GO). Segundo ele, há indícios de um esquema de repasse de recursos entre organizações que, no fim, não realizam a entrega das quentinhas.
“Envolve parlamentares, parentes de parlamentares e assessores. É uma rede de beneficiados que desviam recursos e não entregam o que foi prometido. A ideia do programa é boa, mas a prática é criminosa”, declarou Chrisóstomo, apontando falsidade ideológica e crime contra a administração pública.
“Não podemos aceitar que ex-assessores de parlamentares sejam responsáveis sozinhos pela entrega. Quem garante que essas quentinhas chegaram a quem precisa? Sem fiscalização, vira um esquema de desvio descarado”, argumentou.
Essa não é a primeira vez que o governo petista se envolve em suspeitas de corrupção com ONGs, e certamente não será a última. O deputado relembrou casos investigados na CPI do BNDES e afirmou que o modus operandi se repete: desvio de dinheiro público com a justificativa de programas sociais. “É um governo que já mostrou a que veio. Voltou à cena do crime para ratificar falcatruas do passado”, afirmou.
O Ministério do Desenvolvimento Social anunciou a mobilização da Rede Federal de Fiscalização, envolvendo CGU, AGU e Polícia Federal, para apurar as denúncias. Enquanto isso, a oposição busca as assinaturas necessárias para instaurar a CPI e aprofundar as investigações.