O dia amanheceu em Brasília com a decisão de Arthur Lira de criar uma comissão especial para debater o PL da Anistia, suspendendo automaticamente a tramitação do projeto na Comissão de Constituição e Justiça. O blog apurou que Lira chamou Carolina de Toni para uma reunião ontem à noite, a fim de explicar a nova estratégia, previamente ajustada com Valdemar Costa Neto e Jair Bolsonaro.

Segundo ficou combinado, o objetivo é trazer casos absurdos de condenações do 8 de janeiro à tona com a cobertura da mídia, criando um ambiente mais favorável à sua aprovação, inclusive, para que o PL não seja contestado pelo STF. Na conversa, o presidente da Câmara enfatizou que um parecer técnico da Casa apontou inconstitucionalidades no relatório de Rodrigo Valadares. “Queremos um texto viável”, disse.

Em pronunciamento há pouco, Lira destacou a sensibilidade do tema e a busca por convergência, tentando afastar o debate da disputa pelo comando da Casa. “O tema deve ser debatido, mas não pode jamais, por sua complexidade, se converter em elemento de disputa política, especialmente no contexto de disputas futuras pela Mesa Diretora da Câmara”, disse.

Na oposição, porém, há quem enxergue na medida justamente o uso político do tema na disputa pelo comando da Casa, numa sinalização ao PT. Difícil será convencer os deputados do PL de que não se trata de uma rasteira para adiar a análise do tema. O presidente da Câmara tenta reunir o máximo de apoio em torno da candidatura de Hugo Motta, nome oficializado hoje pelo Republicanos.