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O Feitiço da Inflação e o Ilusionismo de Lula

Por Leonardo Corrêa

Luiz Inácio Lula da Silva parece ter encontrado a fórmula mágica para combater a inflação: pedir que os consumidores boicotem os alimentos caros. Com um floreio retórico digno de um mágico em fim de carreira, Lula aposta que, se todos simplesmente pararem de comprar produtos “injustamente” caros, os preços cairão por pura e espontânea vontade dos vendedores, que, em desespero, preferirão reduzir suas margens a ver seus produtos apodrecerem. Eis o novo milagre econômico lulista: a inflação não é um fenômeno monetário, como insistia Milton Friedman, mas um problema de teimosia dos consumidores, que ainda ousam comprar comida!

Milton Friedman nos ensinou que “a inflação é sempre e em todo lugar um fenômeno monetário”. Nenhuma quantidade de discursos inflamados pode alterar essa realidade econômica básica. Mas Lula, em sua saga de negação da responsabilidade, prefere um truque clássico dos políticos: terceirizar a culpa. No seu enredo, o Banco Central (sob comando de Roberto Campos Neto) criou uma “arapuca” para prejudicar seu governo, os empresários são gananciosos, e os consumidores precisam ser educados para não cair na armadilha dos preços altos. A inflação, aparentemente, é obra de um complô invisível contra o Planalto.

A verdade inconveniente, como Friedman já alertava há décadas, é que a única entidade capaz de criar inflação de forma sustentada é o próprio governo. Nenhum produtor de arroz, nenhum dono de supermercado, nenhum agricultor possui uma impressora mágica de dinheiro no fundo do quintal. Apenas o Estado detém o monopólio sobre a moeda e pode inundar a economia com papel-moeda desvalorizado. O problema da inflação brasileira, portanto, não será resolvido com “processos educativos”, mas com algo que Lula se recusa a fazer: contenção de gastos, responsabilidade fiscal e respeito à política monetária.

A recomendação de Lula para que a população boicote produtos caros soa como um conselho desesperado de um médico que se recusa a reconhecer a origem da doença. Se os preços dos alimentos sobem, há razões para isso: aumento da demanda, choques de oferta, custos logísticos elevados e, claro, a desvalorização da moeda causada por um governo que insiste em gastar mais do que arrecada. Ao invés de atacar a raiz do problema – a gastança estatal e os incentivos errados –, Lula prefere um jogo de cena que não apenas é ineficaz, mas pode gerar ainda mais distorções no mercado.

O economista de Chicago nos lembrava que os governos adoram inventar vilões para justificar suas próprias falhas. E Lula segue à risca esse manual: primeiro, culpou os supermercados; depois, os empresários; em seguida, a taxa de juros do Banco Central. Agora, mira nos consumidores, como se a culpa da carestia fosse deles. Enquanto isso, sua própria política expansionista, que empurra dinheiro para programas mal calibrados e impulsiona crédito subsidiado sem lastro, continua minando a estabilidade econômica.

Se Lula compreendesse a inflação, ele desejaria combatê-la. Mas não se pode sequer desejar conter um problema quando não se compreende ou, pior, se nega a sua existência. No fundo, Lula acredita que pode comprar votos com sua política de gastança. Mas a inflação, essa força econômica impiedosa, não se curva a delírios populistas. Ela não negocia com demagogos nem respeita narrativas. Ela apenas destrói – e, ironicamente, destruirá o próprio sonho lulista.

Friedman já advertia: “A inflação é uma forma de taxação que pode ser imposta sem legislação”. O governo imprime dinheiro, desvaloriza a moeda e, com isso, rouba poder de compra da população sem precisar do aval do Congresso. Mas há um limite para esse truque. Quando a inflação escapa do controle e o custo de vida explode, até os eleitores mais fiéis começam a perceber que promessas vazias e dinheiro fácil são apenas ilusão. O efeito colateral? A ruína econômica e política.

Lula pode continuar negando a realidade e vendendo promessas. Mas a inflação não perdoa. E quando o preço do feijão e do arroz esmagar de vez o salário do trabalhador, talvez ele finalmente descubra que truques retóricos não alimentam ninguém.

 

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