Anielle Franco finalmente soltou uma nota pública ontem à noite logo após Silvio Almeida comunicar sua demissão. A ministra da Igualdade Racial ressaltou “a ação contundente do presidente Lula” ao dispensá-lo, sem mencionar, porém, o fato de que seu governo já tinha conhecimento das denúncias contra o agora ex-ministro dos Direitos Humanos desde janeiro. Segundo seu ex-secretário, problemas de assédio já haviam sido identificados há mais tempo. O Estadão mostra hoje que a gestão Lula III acumula índices recordes de denúncias de conduta sexual imprópria em ministérios, com 75 processos disciplinares abertos. Outros 764 casos foram identificados em órgãos federais, sugerindo um ambiente de trabalho tóxico.

Silvio Almeida não constitui exceção, portanto, e não há absolutamente nada de contundente na postura de Lula contra violências do gênero, apenas leniência e oportunismo político. Há, sim, um temor brutal pela perda do controle da narrativa e da própria bandeira de defesa dos direitos humanos, sequestrada pela esquerda há muito tempo. O silêncio de Anielle é prova disso. Para essa gente, o mais triste não são os crimes em si, “mas a quantidade de racista ou machista esfregando as mãozinhas com o prejuízo que isso vi trazer para dois movimentos tão fundamentais”, como confessou Vera Magalhães. Sim, a esquerda woke vive preocupada em manter o monopólio retórico de políticas que lhe rendem generosos frutos eleitorais e econômicos, enquanto exibe incompetência absoluta para executá-las.

Estão aí, aos olhos do mundo, os recordes de queimadas na gestão Marina Silva, de mortes indígenas na de Sonia Guajajara e, agora, de violações de direitos humanos na de Silvio Almeida.

É sempre mais fácil culpar a “extrema-direita” por violações e crimes semelhantes do que admitir a mão de um ministro preto descendo pelas partes íntimas de uma professora feminista. Se o agressor for filho de um presidente e corintiano, a vítima é anulada, sua voz silenciada e as acusações relativizadas — mesmo que pose com boné do MST. Em casos assim, usa-se o kit legalista em defesa do acusado, aquela vítima da sociedade, que deve ter acesso ao devido processo legal, com trânsito em julgado. Qualquer juízo de valor, mesmo depois disso, deve ponderar sobre erros, deslizes e falhas de comunicação. Geralmente, são casos isolados! E, claro, mesmo que uma investigação reúna provas, depoimentos e a condenação seja confirmada em três instâncias, é preciso saber se o juiz foi imparcial e se a jurisdição era a adequada.

A propósito, onde está o Ministério Público?