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Não adianta pular 3 ondas, se Lula e STF mantiverem Brasil descolado do resto do mundo

O Governo Trump chega neste segundo mandato de forma completamente diferente do primeiro. Dessa vez, ele conhece perfeitamente os caminhos e ritos de Washington, principalmente as pessoas que formam sua equipe, sabe quem e o que e, principalmente, seus alinhamentos aos claros objetivos a que se propõe e leais a isto. Mais, tem o controle político partidário do Congresso e da maioria dos Governos nos estados e um apoio popular incontestável. Outro fator incontroverso são as mudanças geopolíticas no resto do mundo, a exemplo de Georgia Meloni na Itália e Javier Milei na Argentina, se alinhando à pauta conservadora e liberal, dita de direita; à imagem de Trump. Sem contar que, mesmo governos que se enquadram ainda na antiga social-democracia, já se posicionam em suas políticas econômicas francamente liberais, em termos de controles.

Trump chegará ao seu início plenamente focado em seus objetivos de ativação dos Estados Unidos, em busca de produtividade, eficiência, desregulamentação, desburocratização e destributação, a ida de Elon Musk para sua equipe é o emblema, um especialista em complexidade, eficiência e sucesso. Este reposicionamento estratégico de custo tributário deve reposicionar os Estados Unidos em termos de perspectivas de investimentos, deixando-os mais perto da concorrência à atratividade de capitais a países emergentes, principalmente Índia, China, México. A neo-trumpindustrialização vai turbinar o mundo. Simples não é, a começar pela exigência de CAPEX, o que pelos últimos balanços não é uma disponibilidade nas empresas em geral e inclusive por reposicionamento das cadeias de suprimentos.

Só que, por outro aspecto, os Estados Unidos apresentam um poder econômico monstruoso, chegando a um PIB de 29 trilhões de dólares, tendo no período de 15 anos dobrado renda per capta vis a vis os países da Comunidade Econômica Europeia. Os potenciais produtivos ímpares dos americanos se destacam principalmente por dispor de mão de obra, por serem dos poucos países sem problemas demográficos, com expansão da população economicamente ativa, inclusive pela recepção de imigrantes. Esta uma das principais políticas de Trump, exaustivamente repetidas em seu programa de governo. Este conjunto é facilmente demonstrado nas performances das empresas e nos mercados. Das 10 maiores empresas do mundo, nove são americanas. A décima é da Arábia Saudita.

Não se pode também deixar de dar a devida importância à questão energética, principalmente em relação ao petróleo, com a manifesta intenção de Trump de incrementar sua produção. Nesse aspecto, é imprescindível avaliar a questão posta de ameaça à imposição de taxas aos produtos importados da China e de outros mercados, inclusive da Europa, do Brasil, de Mexico, Canadá e outros. E a China, como irá reagir? Os chineses são milenares na arte de negociar, eles precisam continuar com os americanos e vão sutilmente operar parte por parte. Nesse sentido, agora Xi Jinping terá uma contraparte especialista em negociar (Trump!) e, com certeza, ambos vão lucrar. O restante do mundo seguirá o tom da música: Trump negocia.

Mas a China apresenta problemas econômicos internos sérios, o modelo expansionista de infraestrutura chegou ao limite; o país já tem o maior número de geradores de energia eólica e solar do planeta, tem mais ferrovias de alta velocidade que o resto do mundo e mais de 100 milhões de unidades habitacionais vazias, além de muitas outras inutilidades, o que lhe gera alto custo. Recentemente, o governo promoveu uma expansão de recursos primários de 4% para estimular o consumo, mas, pelo que se observa, não surtiu o efeito desejado. Para agravar, a geração de mão de obra barata, que sustentou a competitividade dos produtos chineses, acabou e tem custos crescentes. Saber como o gigante asiático reagirá, é compreender também para onde vai a economia global.

Mas e o Brasil? Se com Javier Milei a relação é meramente protocolar, com Trump não há qualquer diálogo ou chance de abertura, especialmente depois que Janja agrediu verbalmente Elon Musk.

Primeiro, fora qualquer aspecto diplomático, o governo atual precisa cumprir suas obrigações, voltar a buscar eficiência e competitividade nas políticas internas e melhorar seus fundamentos de segurança política e institucional, principalmente no âmbito jurídico. O Brasil possui um mercado financeiro e de capitais sofisticado tecnicamente e eficiente, um dos melhores sistemas bancários do mundo, com um Banco Central irrepreensível e confiável e um dos maiores índices de digitalização. Apesar de um governo medíocre, o país é grande e possui uma capacidade produtiva imensa, um mercado de porte. Isso significa que, apesar dos governos, as relações empresa a empresa devem se sobrepor e correr paralelamente. Ao nomear Marco Rubio para a Secretaria de Estado, Trump deu seu recado. O Brasil precisa se posicionar diplomática e comercialmente em termos pragmáticos, como nossa diplomacia sabe fazer, aparar as arestas políticas e fugir de armadilhas ideológicas. É quase impossível.

Diante de uma Argentina cada vez mais competitiva e próxima dos EUA, o Brasil precisa agir imediatamente em setores vocacionados, como energia sustentável e produção primária, ou seja, segurança energética e alimentar. Bons projetos de infraestrutura e estratégicos estão na pauta das novas fontes geradores de capitais, principalmente grandes fundos de investimento.

Como conclusão, é imperioso se fazer uma escala de tempo: o Brasil inaugurou um ciclo de mudanças a partir de Lava Jato, seguida pelo impeachment de Dilma, sucedida por Temer e, com a eleição de Bolsonaro, desde 2016 a dezembro de 2022, se iniciou um período de reformas intensas e modernizações em diferentes áreas da economia e, principalmente, de uma inversão de tendências e prioridades; o que colocou o Brasil em um novo patamar de competitividade, como no agro, que já apresentava condições de excelência. Só que este conjunto positivo de energia produtiva já esgota seu potencial, da sinais de exaustão. 2025, portanto, será o ponto de inflexão.

O ano novo se inicia com um contexto geoeconômico em relação ao qual o Brasil parece desacoplado. Aqui; teremos o Banco Central comandando por indicados de Lula, o estresse na questão fiscal e os atritos com o Congresso, que volta do recesso sem Lei Orçamentária aprovada. Soma-se a isso, a insistência do STF em avançar sobre prerrogativas do Legislativo, com viés de perseguição da direita bolsonarista.

Vejo dois caminhos:

O primeiro exigiria uma inflexão de tendências, a começar pela questão fiscal com um programa de alinhamento austero e contínuo, seguido de programa de reformas estruturais nos entes públicos e uma valorização da empreendimentos privados com o aumento de privatizações e concessões, inclusive nas principais estatais.

O segundo, mais provável, de manutenção inercial desta conjuntura atual com suas consequências de deterioração cada vez maior do ambiente econômico, uma experiência conhecida dos brasileiros.

É uma questão de escolha. Ou entramos na linha global de resiliência de todo o conjunto político produtivo, em uma nova era de prosperidade, aproveitando a excepcional maré a nosso favor, ou seguimos em direção ao passado, à espera de um milagre nas urnas em 2026. 

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Redação

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