Nesta quinta-feira (30), o presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva rebateu as declarações do presidente do PSD, Gilberto Kassab, e saiu em defesa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Durante entrevista no Palácio do Planalto, o petista classificou as críticas como “injustas” e afirmou que o ministro tem feito um trabalho “extraordinário”.
“Acho que ele foi injusto com o companheiro Haddad no Ministério da Fazenda. O Haddad deveria ser elogiado pelo Kassab, mas eu não vou pedir para ele elogiar se ele não quer”, afirmou Lula, em tom de ironia.
Kassab fez críticas ao ministro e à condução da economia pelo governo Lula.
Em evento do mercado financeiro na quarta-feira (29), Kassab classificou Haddad como “fraco” e disse que o petista tem “dificuldade em comandar” a equipe econômica. Segundo ele, a falta de firmeza do ministro compromete a gestão e pode custar caro ao governo em 2026.
Kassab comparou Haddad a nomes que, segundo ele, foram decisivos para a estabilidade econômica em governos anteriores. “O sucesso da economia precisa de ministros da Economia fortes. Já tivemos FHC, Henrique Meirelles, Paulo Guedes. Eles comandavam. Hoje existe uma dificuldade do ministro Haddad de comandar”, afirmou. Para o líder do PSD, a economia brasileira está sem uma referência clara, e isso enfraquece a confiança dos investidores.
O ex-prefeito de São Paulo também criticou a política econômica do governo petista, afirmando que há muitos erros estratégicos e falta de articulação para reverter a piora nos indicadores econômicos. Segundo ele, a falta de um rumo definido coloca Lula em uma situação de desvantagem para as eleições de 2026. “Se a eleição fosse hoje, o PT estaria na condição de derrotado. Não vejo uma articulação para reverter essa tendência de piora no cenário. Não vejo nenhuma marca boa, como teve FHC e Lula nos primeiros mandatos”, disse Kassab.
O presidente Lula em coletiva hoje, tentou minimizar a crise política e desviou o foco para questões fiscais. Ele afirmou que sua principal preocupação é fazer de 2025 um ano de recuperação econômica.
“Se o Republicanos vão me apoiar ou não em 2026, deixa chegar 2026. Não vamos antecipar. O meu problema agora é fazer com que 2025 seja o ano da melhor colheita para o meu governo”, declarou Lula.
Alta dos juros e desgaste no governo
As críticas de Kassab ocorrem em um momento delicado para o governo. O Banco Central anunciou na quarta-feira (29) uma alta de 1 ponto percentual na taxa Selic, que passou de 12,25% para 13,25% ao ano. A decisão foi unânime e marcou a primeira vez em que os indicados por Lula formaram maioria no Comitê de Política Monetária (Copom).
Apesar disso, Lula tentou afastar qualquer influência política na decisão. O petista disse que já esperava a elevação dos juros e afirmou que o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, não poderia “dar um cavalo de pau” na taxa de uma hora para outra.
“A subida dos juros já estava demarcada pelo outro presidente do BC, e o Galípolo fez o que deveria fazer”, disse Lula, tentando blindar seu indicado das críticas.
A condução da política econômica tem sido um dos principais desafios para Lula. A inflação persistente, os juros elevados e a baixa confiança do mercado criam um cenário de incerteza para o governo. A tentativa de ampliar os gastos públicos sem aumentar a arrecadação também preocupa investidores e pode afetar ainda mais o desempenho econômico.
Kassab, que já foi aliado de Lula, reflete um sentimento crescente dentro do próprio Centrão: a desconfiança sobre a capacidade do governo de manter a economia sob controle.
Com a base política instável e a economia enfraquecida, Lula enfrenta um dos momentos mais desafiadores de seu mandato.