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Lewandowski capitula diante do PCC e prova que PEC é falácia

Ricardo Lewandowski tem impulsionado há meses a ideia de centralizar a segurança pública no governo federal, esvaziando as competências dos estados. A ideia de criar um Sistema Único de Segurança Pública foi materializada numa emenda constitucional apresentada aos governadores pelo próprio Lula, numa reunião dias atrás no Palácio do Planalto. Para justificar a medida, considerada radical, Lula e seu ministro alegaram que era preciso organizar melhor o combate ao crime organizado, que se sofisticou; deixou de ser um problema local para virar uma ameaça transnacional!

Nem Lula ou Lewandowski trouxeram à mesa exemplos recentes desta ameaça. Não citaram os planos de fuga de Marcola, a infiltração nos setores de combustíveis, transporte coletivo, imobiliário, além de igrejas, criptomoedas e futebol; nem sequer comentaram a maior operação deflagrada neste ano, na qual a Polícia Civil de SP descobriu o banco usado pela organização criminosa para movimentar nada menos que R$ 8 bilhões. Foram solenemente ignoradas decisões judiciais polêmicas, como a libertação de André do Rap e a devolução de seus bens, com base em filigranas jurídicas.

Sem reparo, a narrativa de unificar o sistema de segurança foi logo comprada por jornalistas vendidos, que passaram a martelar o tema diariamente. Na última sexta-feira, quando o país foi surpreendido com a execução de um delator do PCC em pleno aeroporto de Guarulhos, a turma da mídia comercial salivou pela perspectiva de retirar o caso de São Paulo e enfraquecer Tarcísio de Freitas. De fato, parecia ser a oportunidade ideal para o ministro da Justiça e da Segurança Pública provar sua tese e assumir o controle.

Mas a lógica do poder, senhoras e senhores, conhece razões que o resto da sociedade desconhece. 

Questionado ontem sobre a federalização do caso de Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, Lewandowski recuou. Disse que a investigação é de competência da Polícia Civil paulista e que a participação da Federal deve se limitar à eventual colaboração com as autoridades de São Paulo.

“Não existe nenhuma ideia de federalizar esse caso. Ocorre que um réu fez uma colaboração ao Ministério Público de São Paulo e, portanto, a princípio, a competência é da Polícia Civil paulista de investigar esse caso. Percebeu-se que também houve uma interferência no funcionamento no Aeroporto Internacional de São Paulo, e portanto isso desperta a competência da Polícia Federal, que se colocou à disposição às autoridades de São Paulo e abriu um inquérito paralelo no que diz respeito à sua competência, que é justamente a investigação de questões que interfiram no funcionamento do aeroporto”, afirmou o ministro.

Questionado novamente se o governo federal poderia assumir a investigação caso as autoridades de São Paulo não cheguem a uma solução, o ministro fincou o pé, rechaçou comparações com o caso de Marielle Franco e disse acreditar na competência da polícia paulista, pois federalizar é “complexo”.

O homem executado na tarde da última sexta-feira, em pleno terminal 2 de Guarulhos, era delator de uma investigação sobre lavagem de dinheiro do PCC. Ele chegou a ser preso pela morte de um dos chefes do PCC, Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta; mas, conseguiu um habeas corpus na Sexta Turma do STJ. Quando percebeu que poderia voltar à prisão pelos crimes de lavagem, buscou um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público. Segundo o promotor paulista Lincoln Gakiya, Gritzbach “era um arquivo vivo”.

“Ele vendia imóveis para eles, arrumava laranjas para registrar esses imóveis, aplicava o dinheiro deles. Estava envolvido em todo tipo de lavagem de dinheiro. E não só deles. Ele acabou entregando corrupção policial, não só por ocasião do homicídio, quando começaram a extorquir dinheiro dele, mas também corrupção, sobre o envolvimento de policiais com o PCC. A delação é bem ampla, ele fala sobre vários assuntos, e todos eles graves”, afirma.

Tudo muito grave, muito complexo, sabe.

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Claudio Dantas

Claudio Dantas

Uma resposta

  1. Eu não sei se vc sempre foi foda assim e eu que não percebia. Acompanho você desde os Pingos nos Is, da JP e não percebia isso.
    Hj vc é meu jornalista/cronista político preferido. Não tem como não ler suas matérias e discordar de vc.
    Vc traz à luz uma face oculta de Brasília que nos leva a pensar, não apenas receber a notícia.

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