O senador e líder da oposição, Rogério Marinho (PL-RN), afirmou nesta segunda-feira (5), durante entrevista ao programa Alive, que o mesmo grupo envolvido nas denúncias de descontos irregulares em aposentadorias já havia apresentado, anos atrás, uma proposta para assumir funções do INSS. Segundo ele, quando ocupava o cargo de secretário da Previdência, foi procurado pelo SINDNAPI com a sugestão de que entidades sindicais passassem a conceder benefícios em nome da Previdência Social.
No relato, Marinho classificou a proposta como “indecorosa” e disse que recusou prontamente a ideia, alertando para o risco de se colocar “a raposa para cuidar do galinheiro”.
“Recentemente, li uma carta mencionada aqui: a mesma equipe – Paulinho da Força e o SINDNAPI — foi até mim, quando eu era secretário, com a proposta de substituir o INSS na concessão de benefícios. Disseram: ‘Podemos conceder auxílio-doença em nome da Previdência em todo o país’. Respondi: ‘Não posso colocar a raposa para cuidar do galinheiro. Essa proposta é indecorosa’, relatou o senador.
Durante a entrevista, Marinho reforçou a necessidade de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar o que chamou de “esquema institucionalizado de desvios” que teria se intensificado nos últimos dois anos e meio, sob o governo Lula. Para ele, o governo demonstra medo da investigação e tenta, a todo custo, impedir a instalação da CPMI.
O senador também fez duras críticas à atuação do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, pelo fato de seu filho advogar para entidades atualmente investigadas pela Polícia Federal, o que, segundo Marinho, configura um claro conflito de interesse.
“Estamos de ponta cabeça. O ministro diz que não há conflito algum. Isso é zombar da inteligência do povo brasileiro”, afirmou.
Ele relembrou que, em 2019, durante a gestão Bolsonaro, sua equipe adotou medidas rígidas para combater fraudes na Previdência, entre elas a proibição do desconto em folha para associações e sindicatos, exigência de boleto, validação cadastral e prova de vida.
“Fizemos uma força-tarefa com CGU, TCU, FEBRABAN e cancelamos mais de 266 mil benefícios fraudulentos. Economizamos quase R$ 10 bilhões no primeiro ano. Devolvemos R$ 57 milhões aos aposentados sem depender da PF ou da imprensa”, destacou.
Segundo Marinho, entidades como a CONTAG, ligada à CUT, passaram a pressionar o governo desde o início do atual mandato para derrubar esses mecanismos de controle.
“Essa mesma CONTAG, que antes recebia R$ 400 milhões por ano com descontos automáticos, teve a torneira fechada. Agora querem abrir novamente, desmontando o que fizemos”, disse.
O senador concluiu afirmando que a oposição já tem assinaturas suficientes para protocolar a CPMI e que novas adesões estão sendo colhidas em silêncio, como estratégia para evitar retaliações.
“Cada enxadada é uma minhoca. Você puxa uma pena e vem a galinha inteira. Todo dia aparece um novo indício de como essa estrutura foi aparelhada para roubar de quem menos tem”, finalizou.