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Isso a Globo não mostra

Alexandre de Moraes e seus parceiros na PF e na PGR construíram uma fábula inquisitorial com base numa delação coercitiva e em trechos de conversas malandramente pinçadas para conferir veracidade à narrativa de golpe. Está tudo exposto e tudo cairá.

Os vídeos dos depoimentos de Mauro Cid são um escândalo jurídico sem precedentes. Primeiro, que Moraes nunca poderia presidir uma audiência para validar ou revalidar uma colaboração premiada. A lei é clara: juiz não participa de atos de investigação na colaboração. Ele apenas recebe as informações do MPF e avalia. O ministro agiu de ofício.

Além disso, suas perguntas embutindo conclusões antecipadas sobre um golpe em 8 de janeiro induziram indevidamente as respostas; ficando evidente que a vontade de Cid foi sendo contornada, explorada pelo ministro, manipulada até.

Com suas ameaças ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Moraes praticamente exigiu a mudança do depoimento de Cid, que, coagido, acabou privado de qualquer voluntariedade e espontaneidade – requisitos básicos de qualquer colaboração.

Para piorar, o acordo não trouxe qualquer elemento externo de corroboração. E uma pesquisa básica nas trocas de mensagens de Cid com outros militares e ex-assessores de Bolsonaro fragilizam ainda mais os indícios trazidos aos autos pela PF e festejados pela PGR.

Em mais de 10 trocas de mensagens, que vão desde começo de outubro de 2022 até meio de janeiro de 2023, o ex-assistente presidencial afirma que não haveria golpe ou qualquer ruptura constitucional.

Não existe sequer uma mensagem em que ele instigue, incentive ou assessore alguma autoridade militar ou civil a tomar qualquer atitude antidemocrática. Ele mantinha contato direto com o general Freire Gomes, então comandante do Exército, e cujo depoimento tem sido usado para sustentar a tese golpista — mas cuja íntegra ainda não é conhecida.

Na prática, Freire Gomes era atualizado por Mauro Cid sobre tudo o que se passava dentro do Palácio do Alvorada. Numa dessas mensagens, ele relata as pressões recebidas por Bolsonaro de vários setores, inclusive do agro e de alguns deputados, e a posição do então presidente. “Ele entende as consequências do que pode acontecer.

Em uma resposta ao áudio no qual afirma que estava “enchendo o saco” e que havia conversado com o presidente sobre datas, a resposta de Cid é categórica, de que “com certeza não vai acontecer nada”.

Em outra, ele afirma que “nenhum indício de fraude” havia sido encontrado nas eleições e que não havia “esperança” sobre qualquer reação institucional.

Com o coronel Corrêa Netto, chegou a falar que não havia nenhuma “bala de prata”, a fim de baixar a temperatura nos grupos mais radicalizados.

Ao coronel Ferreira Lima, também reiterava não haver encontrado qualquer indício de fraude eleitoral.

Quando questionado pelo Coronel Marcelo Câmara, outro assessor do então presidente, sobre uma notícia em relação à chamada minuta do golpe, explicou que o documento não seguiu adiante porque não havia amparo jurídico.  

 

Até mesmo numa conversa entre terceiros (Correia Netto e Bastos Cavalieri), a mensagem que chegava do Palácio do Planalto era de que “não vai rolar nada”.

A Globo e suas filiadas podem tentar endossar a narrativa de Moraes e sua turma, mas a realidade é implacável e a audiência em busca da verdade também.

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Claudio Dantas

Claudio Dantas

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