O Boletim Focus trouxe, pela 14ª semana consecutiva, uma revisão para cima na expectativa de inflação; e agora é esperado que finalizemos 2025 atingindo 5,08% de IPCA. O valor não só ultrapassa a meta de 3%, como também excede o teto da banda de tolerância, fixado em 4,5%. Este cenário reforça as preocupações com a desancoragem das expectativas inflacionárias e as consequências de uma economia aquecida.
Mas o que isso significa para os próximos anos? Acompanhe comigo!
Análise dos dados sobre o Boletim Focus
Projeções de Inflação e Taxa Selic
A persistente alta inflacionária pode ser explicada por três fatores principais:
- Desancoragem das expectativas de mercado: significa que empresas, empresários, trabalhodores, consumidores e demais participantes da economia passam a acreditar que a inflação continuará alta no futuro, e suas decisões (como aumentar preços ou negociar salários maiores) acabam alimentando ainda mais a inflação. Num cenário de perda de credibilidade do Governo, é difícil manter as expectativas ancoradas;
- Pressão da atividade econômica: quando a economia está muito aquecida, com alta demanda por produtos e serviços, os preços tendem a subir porque a oferta não consegue acompanhar o ritmo, gerando inflação. Em um outro texto eu já falei sobre essa questão do hiato do PIB, por exemplo; e
- Inércia inflacionária dos últimos anos: refere-se ao fato de que a inflação passada influencia os preços atuais, como um efeito “bola de neve”. Empresas ajustam preços e salários baseados na inflação recente, dificultando o controle da alta nos custos.
Para combater esse cenário, a taxa Selic deve permanecer elevada em 2025, alcançando 15%. Já para 2026, o Focus indica uma redução para 12,25%, sinalizando que o ciclo de aperto monetário pode continuar até 2027, quando os juros devem chegar a 10,25%.
Impacto no Câmbio e nos Custos
O câmbio, por sua vez, deve estabilizar-se em 6 US$/R$ nos próximos anos, segundo o último Focus, elevando os custos de produção e de bens importados, o que pressiona ainda mais o bolso do consumidor. A inflação de custos será um desafio persistente, exigindo estratégias coordenadas para mitigar seus impactos.
Situação fiscal do Brasil e seus impactos na economia
Os indicadores fiscais também preocupam. A relação dívida/PIB deve atingir 66,95% em 2025, com o déficit primário projetado em 0,60% do PIB. No longo prazo, o cenário é ainda mais desafiador, com a dívida podendo superar 76% do PIB.
O descontrole fiscal agrava a desvalorização cambial, mantém as expectativas inflacionárias desancoradas e dificulta uma recuperação sustentável. Sem um ajuste robusto na política fiscal, os juros devem permanecer altos, prejudicando o crescimento econômico.
Com 2025 se desenhando como um ano de inflação persistente e juros elevados, o cenário exige atenção redobrada de investidores e gestores financeiros. Monitorar os desdobramentos da política monetária e fiscal será essencial para antecipar movimentos do mercado e proteger o patrimônio.
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Até a próxima!