Nos primeiros 15 dias à frente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) usou declarações estratégicas para pressionar o governo e o Judiciário. Ele ironizou a disputa política em torno de bonés, cobrou responsabilidade fiscal e apontou desequilíbrio nas condenações do 8 de Janeiro.
Desde sua eleição, Motta manteve cautela sobre temas polêmicos, como o projeto de anistia aos condenados pelos atos de 2023. No entanto, após assumir, passou a enviar recados duros ao Executivo e ao STF.
Críticas ao governo Lula:
•Disputa do boné – ironizou a troca de farpas entre governo e oposição, afirmando que “o acessório não resolve os problemas do Brasil”.
•Corte de gastos – criticou a estratégia do governo de aumentar impostos: “Aumentar impostos é empobrecer o país”.
•Inflação dos alimentos – rebateu Lula, que pediu para brasileiros evitarem produtos caros: “A população está sofrendo. O melhor jeito de controlar preços é cortar gastos públicos”.
•Sigilo de Lula – cobrou o fim do sigilo de 100 anos mantido pelo governo e pediu que o presidente “não fale apenas para a bolha”.
Motta também mirou o Judiciário, especialmente nas punições do 8 de Janeiro:
•Anistia – afirmou que o tema “com certeza” será discutido com líderes partidários, mas evitou se comprometer com a pauta.
•Desequilíbrio nas penas – classificou as sentenças como exageradas e negou que tenha havido tentativa de golpe em 2023: “Não pode penalizar uma senhora que apenas passou na frente e condená-la a 17 anos”.
•Reunião com familiar de foragido – recebeu na Câmara a esposa de Ezequiel Ferreira Luís, um dos condenados do 8 de Janeiro, reforçando o interesse da oposição em aprovar a anistia.
As declarações renderam elogios do ex-presidente Jair Bolsonaro, que chamou Motta de “cabra da peste” e desejou que “Deus continue iluminando” sua gestão.
Motta também se posicionou sobre as emendas parlamentares, um dos principais embates entre Congresso e STF. O deputado defende a transparência nos repasses, mas criticou a interferência do Supremo, que suspendeu a liberação de verbas em 2024.
Sobre o orçamento, rejeitou qualquer aumento de impostos e indicou que o governo enfrentará dificuldades para aprovar a taxação dos mais ricos. Ele recebeu os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) para discutir a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000, mas cobrou clareza na compensação financeira da medida.
Motta tem adotado um discurso mais conciliador do que seu antecessor, Arthur Lira (PP-AL), que protagonizou embates com o Planalto. Apesar disso, seus primeiros atos indicam que não pretende facilitar a vida do governo Lula.