Jair Bolsonaro jogou água na fervura do impeachment e pautou a Anistia como bandeira da manifestação do dia 16 de março. Seu movimento é calculado para dentro do Congresso, onde o arco de apoio para aprovação da matéria está praticamente consolidado – especialmente na CâmaradosDeputados – com PP, Republicanos, MDB e PSD. Da mesma forma, lá no Congresso não há hoje condições para a abertura de um processo de impeachment, apesar do rápido declínio de Lula. É uma visão pragmática, mas ela não pode ser limitante.

Nas ruas, nas redes e por todo o país, inclusive na esquerda, no Centro (vide Kassab) e no topo do poder (vide Kakay) há uma insatisfação latente com os rumos do governo Lula, especialmente com Janja, que fez uma espécie de alienação parental de idoso. A primeira-dama está sendo acusada de impedir que Lula faça política, receba “os velhos amigos” e acabe perdendo, segundo Kakay, “sua inigualável capacidade de seduzir, de ouvir, de olhar a cena política”.

Na verdade, Janja só tem meia culpa. O resto da culpa é de Lula, que está velho e sem paciência para governar, que voltou ao poder pelas mãos do Supremo com o único objetivo de tentar limpar sua própria biografia. A culpa é dos ministros que subverteram as leis e a Constituição para se meter na política, para criar um candidato que fosse minimamente capaz, aos olhos do eleitor, de impedir a reeleição de Bolsonaro.

O mesmo STF que prendeu injustamente centenas de pessoas que não concordaram com o resultado de uma eleição que poderia muito bem ser classificada como artificial e enviesada. Sim, a Anistia dessa gente é urgente. Mas isso não pode impedir que milhares de brasileiros tomem as ruas para exigir um retumbante “Fora, Lula”. O PT fez isso nos 8 anos de FHC, nos 2 anos de Michel Temer e nos 4 anos de Bolsonaro, na base de muito pão com mortadela.

O Fora, Lula pode não se traduzir em seu impeachment, seja por falta de condições políticas ou mesmo pelo pouco tempo disponível, considerando que faltam apenas 18 meses para as próximas eleições, 15 para as convenções e 14 para a Copa do Mundo.

Mas Fora, Lula é mais do que impeachment, é também um grito pela Anistia, contra os abusos do Supremo e os supersalários do Judiciário, contra a agenda woke de ódio e intolerância, contra a morte nas filas dos hospitais, contra a influência política do PCC, contra um governo perdulário que só pensa em aumentar impostos, contra o monitoramento do PIX, contra a inflação que corrói o salário do trabalhador; sim, contra alta do café, dos ovos! Contra o golpe da picanha! Contra as quentinhas fantasmas, o desvio das emendas, o esbanjamento da Janja, contra o sigilo; contra tudo isso que está aí. Não é por 20 centavos, nunca foi, nunca será.