O advogado José Luis Oliveira Lima, que representa o general Walter Braga Netto, criticou duramente a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e apontou irregularidades no processo durante entrevista ao programa Alive, do jornalista Cláudio Dantas. Segundo Oliveira Lima, a acusação é uma “narrativa fantasiosa” baseada em uma delação “mentirosa” do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
“Eu tenho dito que essa denúncia é uma narrativa fantasiosa, fruto da criatividade intelectual do PGR. Ele conta uma historinha, mas é uma historinha muito mal contada. Meu pai dizia uma coisa: quem escreve muito não escreve nada. Estamos diante de uma denúncia de 272 páginas que não diz absolutamente nada contra o general Braga Netto”, afirmou.
O advogado argumentou que a peça acusatória se baseia exclusivamente na colaboração premiada de Mauro Cid, que, segundo ele, prestou 11 depoimentos contraditórios e sem apresentar provas concretas. “Essa denúncia é um escândalo. Não irá manchar a reputação de um homem com mais de 42 anos de serviços prestados ao Exército Brasileiro”, ressaltou.
Oliveira Lima também contestou a condução das investigações, destacando que a defesa não teve acesso a todas as provas e que o general Braga Netto sequer foi ouvido antes da denúncia ser oferecida. “Como é que você faz uma denúncia dessa magnitude, envolvendo um ex-presidente da República, um candidato a vice-presidência, um ministro de Estado e um general quatro estrelas, e não ouve o outro lado?”, questionou.
Pedido de anulação da delação premiada
Diante das supostas inconsistências da delação de Mauro Cid, Oliveira Lima afirmou que irá solicitar a anulação do acordo de colaboração premiada. “Nós vamos pedir a anulação desse acordo mentiroso, tanto pelas contradições do depoente quanto pela forma como a audiência foi conduzida. O juiz tem uma função meramente homologatória na audiência de colaboração, mas, neste caso, ele ultrapassou os limites”, declarou.
O advogado também mencionou que a própria Polícia Federal e o Ministério Público chegaram a pedir a rescisão do acordo de colaboração premiada de Cid, mas que essa solicitação foi ignorada. “O Ministério Público pediu a rescisão do acordo do senhor Cid. Isso é muito grave. E o eminente ministro passou por cima disso”, criticou.
Além disso, o Juca criticou parte da imprensa por divulgar trechos da denúncia sem contextualizar as contradições da delação de Mauro Cid. “Eu fico impressionado quando a imprensa menciona uma suposta reunião na casa do general Braga Netto sem dizer que, em depoimentos anteriores, o próprio delator não mencionou nada sobre isso”, disse.