O dólar à vista encerrou o dia em queda de 0,81%, cotado a R$ 5,77, nesta terça-feira (4). Esse foi o 12º recuo consecutivo da moeda americana, o que a levou ao menor valor desde 19 de novembro de 2024. Com isso, o dólar registrou a maior sequência de quedas em 20 anos, superando os 14 dias seguidos de desvalorização entre 24 de março e 13 de abril de 2005.
Emerson Vieira Junior, responsável pela mesa de câmbio da Convexa Investimentos, aponta dois principais fatores para essa nova queda. O primeiro deles é a diminuição da tensão sobre a guerra comercial entre os Estados Unidos e países como Canadá, México e China. Embora Trump tenha elevado as tarifas de importação para esses países, ele adiou a aplicação de novas taxas e se mostrou disposto a negociar com a China, sugerindo que uma solução para o conflito poderia ser alcançada.
No mercado, cresce a percepção de que Trump utiliza a ameaça das tarifas como uma estratégia de pressão para obter concessões de países com os quais os EUA têm pendências, independentemente de questões comerciais globais. Para evitar a sobretaxa, o México se comprometeu a enviar 10 mil integrantes da Guarda Nacional para a fronteira, enquanto o Canadá confirmou investimentos de US$ 1,3 bilhão para combater o crime organizado e o contrabando de fentanil.
O segundo fator que contribuiu para a valorização do real foi a divulgação de dados do mercado de trabalho dos EUA. O relatório Job Openings and Labor Turnover Survey (Jolts) mostrou a criação de 7,6 milhões de vagas de emprego em dezembro, número abaixo das expectativas, que eram de 8 milhões. Esse dado sinaliza um desaquecimento da economia americana, o que aumenta as chances de uma redução ou estabilidade nas taxas de juros nos EUA.
A expectativa de juros mais baixos nos Estados Unidos é qq para os mercados emergentes, como o Brasil, já que taxas altas nos EUA atraem dólares para a economia americana, desvalorizando outras moedas.