O governo federal divulgou um déficit primário de 0,1% do PIB em 2024, considerado uma vitória pela ala fiscalista, pois cumpriu a meta de -0,25% do PIB e apresentou melhora em relação a 2023. No entanto, o pesquisador do Insper, Marcos Mendes, afirma que o número oficial mascara a real situação fiscal do país, com o déficit real chegando a 0,9% do PIB — nove vezes maior do que o anunciado.
Segundo Mendes, o governo recorreu a manobras contábeis para reduzir o número divulgado. Entre as práticas identificadas estão a exclusão de despesas classificadas como calamidades e queimadas, o pagamento antecipado de precatórios no Rio Grande do Sul e a postergação de receitas para 2024.
Ele ainda destaca que fatores extraordinários, como o acordo tributário com a Petrobras que rendeu R$ 12 bilhões, foram fundamentais para maquiar o resultado. Sem esse recurso, o déficit recorrente seria de 1,7% do PIB.
As práticas de maquiagem fiscal levantam questionamentos sobre a transparência das contas públicas e expõem uma fragilidade nas estratégias do governo Lula para conter o desajuste fiscal, enquanto tenta equilibrar a narrativa de “responsabilidade” com a “realidade econômica do país”.