A primeira agenda de Pedro Vaca Villareal para averiguar a situação de direitos humanos no Brasil foi com Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. É o mesmo que se reunir com Nicolás Maduro para perguntar a ele como anda a liberdade de expressão na Venezuela. É uma sinalização ruim, ruim mesmo, demonstra parcialidade, submissão e uma ofensa aos inocentes presos do 8 de janeiro, aos jornalistas censurados, aos parlamentares perseguidos. É uma vergonha.
Pedro Vaca deveria sentar com José Múcio, o ministro da Defesa responsável pela delicada interface entre Lula e os militares. No Roda Viva ontem, Múcio esfregou na cara dos militantes de redação o óbvio: o Supremo não pode condenar pessoas inocentes junto com as culpadas, o Supremo não pode achar que o 8 de janeiro foi uma tentativa de golpe, se não havia militares invadindo as sedes dos Poderes e se as sedes dos Poderes estavam vazias, pois era domingo.
Pedro Vaca deveria sentar com a Defensoria Pública da União, que vem denunciando solitária o indevido processo ilegal que prende e condena a quase duas décadas simples donas de casa, faxineiras, cabeleireiras, aposentados, ambulantes, como se terroristas fossem. O arrastão de Moraes levou para a cadeia até mendigo com problemas mentais; crianças, idosos, cães e gatos foram confinados juntos num ginásio da Polícia Federal sem higiene, sem advogado, sem audiência de custódia.
Pedro Vaca deveria visitar a Papuda para ouvi-los, deveria ir a Tremembé, a Benfica.
Pedro Vaca já conhece a maioria das denúncias ou deveria conhecê-las, caso tenha se dado ao trabalho de ler 10% do material que lhe foi enviado. Na última reunião que teve com parlamentares brasileiros, o relator especial para a Liberdade de Expressão da CIDH praticamente deu de ombros, pois deve enxergar em cada cidadão preso, em cada jornalista censurado, em cada parlamentar violado em suas prerrogativas, a face de Jair Bolsonaro, “the Tropical Trump”.
Afinal, a OEA, que paga o salário de Pedro Vaca, é financiada há décadas pela mesma USAID que torra bilhões do contribuinte americano para intervir em processos eleitorais e derrubar governos, a mesma USAID que financiou a Fundação Internacional para Sistemas Eleitorais, que firmou parceria com o TSE de Barroso e Moraes, que redigiu um manual para combater a desinformação e o ódio (da direita).
Pedro Vaca é advogado e dirigiu a Fundação para a Liberdade de Imprensa da Colômbia. Ao privilegiar o cafezinho no Supremo, ele age como advogado de acusação e inverte a lógica de qualquer matéria jornalística, que primeiro ouve a vítima, reúne as provas e só depois busca a versão oficial para fazer o contraponto, o “outro lado”.
Já sabemos de que lado Pedro Vaca está.
