Em entrevista ao programa Alive nesta sexta-feira (21), o senador Hamilton Mourão foi questionado pelo jornalista Claudio Dantas sobre a ausência de seu nome na denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Jair Bolsonaro e outros 33 aliados, acusados de tentativa de golpe de Estado. Mourão era vice-presidente e integrava a mesma gestão que vem sendo investigada, o que tem alimentado boatos sobre sua conduta.
Em resposta, o senador disse que estava fora do processo decisório e nunca foi consultado por Bolsonaro sobre qualquer assunto envolvendo o resultado eleitoral. “Em nenhum momento, eu tomei conhecimento, ou o presidente Bolsonaro conversou comigo a respeito de alguma atitude em relação ao resultado das eleições. A partir do momento que o presidente escolheu o Braga Netto para ser o seu companheiro de chapa, eu praticamente não participei de mais nada”, disse.
Ainda de acordo com Mourão, sua atuação nos últimos meses do governo Bolsonaro foi restrita a compromissos protocolares, como substituições em eventos internacionais e recepção de credenciais diplomáticas. Mesmo tendo sido relegado pelo presidente, o general reiterou suas críticas à atuação de Alexandre de Moraes e classificou a denúncia apresentada por Paulo Gonet de “chanchada”.
“Isso tudo que está sendo colocado me cheira a uma chanchada da Atlântida”, disse em referência à antiga produtora cinematográfica. “É uma grande chanchada isso aí. É uma denúncia estribada em cima de uma delação que não resiste a uma análise de qualquer aluno do primeiro ano de uma faculdade de direito. O que temos é um grupo de conversa de WhatsApp, e aí é aquele negócio: vale tudo, conversa privada. Quem é que resiste a ter o seu celular escarafunchado? Todo mundo fala bobagem”, disse Mourão.
O senador também criticou a narrativa de tentativa de golpe de Estado e afirmou que, historicamente, golpes são acompanhados de confrontos armados: “Quando você olha o passado histórico de golpe no Brasil, golpe tem bala e defunto. Cadê bala e defunto nisso aqui? Não existe. Vamos lembrar 1922, areias de Copacabana, o pessoal combatendo lá; em 1924, tomaram São Paulo e ficaram 30 dias ocupados. No Rio Grande do Sul, atacaram quartel do Exército e o general resistiu junto com a filha. Vamos olhar a história. É uma vergonha isso que está sendo colocado como uma tentativa de golpe de Estado”.