A popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entrou em queda livre na segunda metade de seu mandato. Segundo a última pesquisa Datafolha, a aprovação do petista caiu de 35%, em dezembro, para 24%, o menor índice registrado em todas as suas gestões.
Governo tenta conter desgaste
Diante do cenário desfavorável e já de olho nas eleições de 2026, o Planalto aposta em medidas populistas para tentar estancar a rejeição. Entre as principais propostas estão a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a ampliação do vale-gás.
A isenção do IR foi anunciada no fim de 2023, mas o governo ainda não conseguiu apresentar o texto ao Congresso. A equipe econômica enfrenta dificuldades para compensar a perda de arrecadação, mas trata a medida como prioridade, visando implementá-la antes da campanha eleitoral.
Outro projeto em andamento é a ampliação do vale-gás. Lula afirmou que a proposta “está quase pronta” e poderá beneficiar até 22 milhões de novas famílias. “Para nós, o gás faz parte da cesta básica. Ele sai por R$ 36 da Petrobras e chega nos estados a R$ 150. Não é justo isso”, disse o presidente na semana passada.
O Planalto também busca uma solução para a disparada no preço dos alimentos. A inflação do setor saltou de -0,5% em 2023 para 8,2% em 2024, atingindo carnes, café, leite e derivados. Lula tem se reunido com empresários para discutir formas de conter o aumento, mas até agora nenhuma medida concreta foi anunciada.
Outra estratégia envolve a criação de uma plataforma de crédito consignado para trabalhadores da CLT. O sistema, desenvolvido pela Dataprev, permitirá empréstimos com juros mais baixos, já que o pagamento será descontado diretamente na folha salarial.
Com a queda na popularidade, a reeleição de Lula se torna um desafio. O próprio presidente já declarou que só disputará o pleito se estiver “100% saudável”. Mas uma pesquisa Ipec divulgada no sábado (15/2) mostra que 62% dos brasileiros acham que ele não deveria concorrer novamente, enquanto apenas 35% apoiam sua candidatura.
Para tentar reverter a rejeição, o PT aposta na comunicação. A primeira mudança já ocorreu com a troca de Paulo Pimenta por Sidônio Palmeira na Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom). Além disso, o partido quer reforçar a presença nas redes sociais e personificar as ações do governo, como o auxílio gás e o programa Pé-de-Meia, que oferece incentivo financeiro a estudantes do ensino médio inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico).
O cenário, no entanto, segue desafiador para o petista. A rejeição aumenta, a economia preocupa e as promessas populistas podem não ser suficientes para recuperar a confiança do eleitorado.