“Trump está fazendo da Colômbia um exemplo para Brasil e México”. Esta afirmação foi feita por Jonathan Ávila, presidente da Vali, uma das maiores consultorias políticas colombianas com operação outros países andinos.
Ele se refere ao anúncio da taxação de 25% de todos os produtos colombianos exportados para os Estados Unidos, medida tomada após o presidente Gustavo Petro proibir aviões estadunidenses com imigrantes deportados pousassem no país. A medida foi revertida horas depois após Petro ter recuado do seu propósito.
Para analisar o episódio, é preciso ter em mente que cerca de 30% de toda a exportação colombiana segue para os EUA; que a Colômbia tem um histórico de ligações próximas com os estadunidenses (inclusive militares); que Petro tem rejeição de 51,2% da população e que boa parte dos setores econômicos tenderia a ficar contra o presidente na querela dos deportados.
Nesse sentido, Ávila alerta que a medida agressiva contra a Colômbia não é um acaso. Donald Trump está mandando um recado para os governos esquerdistas do Brasil e do México e escolheu o menor país entre esses três para servir de exemplo.
A mensagem, completamente desproporcional, não deixa dúvidas que os EUA estão dispostos a radicalizar retaliações comerciais sabendo que, assim, podem desestabilizar internamente governantes de outros países.
Ao despejar tanta força sobre a Colômbia, Trump está, segundo Ávila, sinalizando ao Brasil e ao México para não seguirem na mesma direção e aliviarem suas críticas. Trata-se de um chamado para a diplomacia atuar com pragmatismo e sem apelar para estratégias de confrontação ideológica.
* Leonardo Barreto é doutor em Ciência Política (UnB) e sócio da consultoria Think Policy