O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) foi ouvido pela Polícia Federal (PF) como parte das investigações sobre a suposta “Abin paralela” durante o governo Bolsonaro. O depoimento, realizado na Superintendência da PF no Rio, é considerado uma das últimas etapas antes da conclusão do inquérito.
Durante o interrogatório, o vereador afirmou que conheceu Ramagem apenas após este assumir o cargo de chefe da segurança pessoal de Jair Bolsonaro (PL), em 2018. De acordo com ele, a aproximação entre Ramagem e a família Bolsonaro ocorreu após o atentado sofrido pelo então candidato à Presidência em Juiz de Fora (MG).
Em dezembro de 2023, a PF indicou uma possível ligação entre a suposta espionagem ilegal praticada por setores da Abin e uma suposta tentativa de golpe de Estado. Conforme a investigação, a agência teria sido usada como elo de transmissão de informações para fins políticos.
De acordo com os investigadores, diversos servidores da PF atuaram em uma divisão de tarefas estabelecida pelo grupo sob investigação, “para desenvolver ações voltadas a desestabilizar o Estado Democrático de Direito, com o fim de obtenção de vantagem consistente em tentar manter o então presidente da República Jair Bolsonaro no poder, a partir da consumação de um golpe de Estado e da abolição do Estado Democrático de Direito, restringindo o exercício do Poder Judiciário e impedindo a posse do então presidente da república eleito”.
Na estrutura da Abin, o grupo teria supostamente utilizado o programa de geolocalização FirstMile, capaz de rastrear celulares a partir de sinais emitidos por torres de transmissão. Diversas utoridades teriam sido espionadas.
Carlos também foi questionado, segundo a emissora, sobre uma possível participação nas negociações de compra do sistema israelense pela Abin, mas negou qualquer envolvimento.
Uma assessora do vereador, que já havia aparecido nas investigações em conversas com Ramagem sobre o repasse de informações, também foi ouvida pela PF. Ela negou ter solicitado qualquer dado.
Em janeiro do ano passado, Carlos Bolsonaro foi alvo de mandado de busca e apreensão. Os agentes da PF recolheram um laptop, pendrives, cartões de memória e outras mídias digitais. Todo o material foi analisado pela PF, que pretende encerrar o inquérito ainda neste mês. A expectativa é de que o relatório final inclua o indiciamento de ao menos 15 pessoas.
Fui mais uma vez depor na Polícia Federal sobre outro fato, e apesar dos esforços do advogado, outra vez sem ter acesso aos autos, sem entender o motivo e, novamente, me sentindo violentado. É um absurdo gigantesco sentar inúmeras vezes na frente de um delegado, por mais gentil… pic.twitter.com/mIfhp4Bn4T
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) April 5, 2025