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Carlos Bolsonaro presta depoimento à PF sobre suposta “Abin paralela”

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O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) foi ouvido pela Polícia Federal (PF) como parte das investigações sobre a suposta “Abin paralela” durante o governo Bolsonaro. O depoimento, realizado na Superintendência da PF no Rio, é considerado uma das últimas etapas antes da conclusão do inquérito.

De acordo com a CNN Brasil, a Polícia Federal questionou o parlamentar na última sexta-feira (04) sobre sua relação com o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e atual deputado federal pelo PL, Alexandre Ramagem. Carlos teria negado qualquer proximidade com ele.

Durante o interrogatório, o vereador afirmou que conheceu Ramagem apenas após este assumir o cargo de chefe da segurança pessoal de Jair Bolsonaro (PL), em 2018. De acordo com ele, a aproximação entre Ramagem e a família Bolsonaro ocorreu após o atentado sofrido pelo então candidato à Presidência em Juiz de Fora (MG).

Em dezembro de 2023, a PF indicou uma possível ligação entre a suposta espionagem ilegal praticada por setores da Abin e uma suposta tentativa de golpe de Estado. Conforme a investigação, a agência teria sido usada como elo de transmissão de informações para fins políticos.

De acordo com os investigadores, diversos servidores da PF atuaram em uma divisão de tarefas estabelecida pelo grupo sob investigação, “para desenvolver ações voltadas a desestabilizar o Estado Democrático de Direito, com o fim de obtenção de vantagem consistente em tentar manter o então presidente da República Jair Bolsonaro no poder, a partir da consumação de um golpe de Estado e da abolição do Estado Democrático de Direito, restringindo o exercício do Poder Judiciário e impedindo a posse do então presidente da república eleito”.

Na estrutura da Abin, o grupo teria supostamente utilizado o programa de geolocalização FirstMile, capaz de rastrear celulares a partir de sinais emitidos por torres de transmissão. Diversas utoridades teriam sido espionadas.

Carlos também foi questionado, segundo a emissora, sobre uma possível participação nas negociações de compra do sistema israelense pela Abin, mas negou qualquer envolvimento.

Uma assessora do vereador, que já havia aparecido nas investigações em conversas com Ramagem sobre o repasse de informações, também foi ouvida pela PF. Ela negou ter solicitado qualquer dado.

Em janeiro do ano passado, Carlos Bolsonaro foi alvo de mandado de busca e apreensão. Os agentes da PF recolheram um laptop, pendrives, cartões de memória e outras mídias digitais. Todo o material foi analisado pela PF, que pretende encerrar o inquérito ainda neste mês. A expectativa é de que o relatório final inclua o indiciamento de ao menos 15 pessoas.

Em nota, a defesa do vereador afirmou que solicitou acesso aos autos do inquérito em duas ocasiões: a primeira em 2 de fevereiro de 2024 e a segunda em 3 de abril de 2025. Segundo a nota, nenhum dos pedidos foi respondido. “E mesmo sem ter acesso aos autos, o vereador colaborou respondendo a todos os quesitos encaminhados”, diz o comunicado.

Nas redes sociais, Carlos também comentou a falta de acesso aos autos. Confira a íntegra da publicação:

“Fui mais uma vez depor na Polícia Federal sobre outro fato, e apesar dos esforços do advogado, outra vez sem ter acesso aos autos, sem entender o motivo e, novamente, me sentindo violentado. É um absurdo gigantesco sentar inúmeras vezes na frente de um delegado, por mais gentil que seja, e se preocupar com o que falar para que superiores não deem liga a mais uma história – onde você tem que provar que é inocente, e não o contrário.

A orientação superior para condução dos depoimentos é de uma boçalidade gigantesca, que não exime a sensação de estar sendo, mais uma vez, violado em seu direito de existir. A mesma sensação de chegar em casa e ver tudo revirado devido a mais uma busca e apreensão.

Por que a PF não me chamou para depor na tentativa de assassinato do meu pai se eu estava com ele? Por que o Presidente Jair Bolsonaro não foi chamado para depor no Caso da prisão surreal de Filipe G. Martins, já que a acusação diz que estavam no mesmo voo? Por que G. Dias não está sendo julgado se estava dentro do Palácio do Planalto servindo água a depredadores? Por que esculhambaram toda minha casa numa ação sem sentido algum? No que transformaram isso aqui? E tantas outras perguntas que me cravo todos os dias. Então, volto pra casa sozinho e preocupado, pensando no que deveria e não deveria, Meu Deus. Deito a cabeça no travesseiro e falo comigo mesmo: hoje foi igual a ontem, e amanhã será igual ao dia anterior.

Tenho absoluta certeza de que o outro lado jamais passou por tanta humilhação, perseguição proposital e constante como alguns têm sofrido nos últimos anos. As reações deles, vocês sabem exatamente como seriam.

Enfim, apenas compartilho mais um dia passado em minha vida. Que suas famílias e a fé de vocês lhes deem conforto, e que tudo fique bem no final. Vamos em frente!”.

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