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Caiado busca apoio religioso no Nordeste contra hegemonia lulista

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O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), intensificou sua aproximação com lideranças evangélicas logo após lançar sua pré-candidatura à Presidência da República em Salvador, na última sexta-feira (4). No sábado (5), Caiado visitou a Igreja Batista Lírio dos Vales, onde recebeu orações e apoio simbólico de pastores neopentecostais — um passo calculado para ampliar sua presença no eleitorado do Nordeste, reduto histórico do lulismo.

A articulação com o segmento religioso é liderada pelo deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), que conduziu Caiado ao encontro. A aposta é clara: romper a hegemonia da esquerda entre os evangélicos nordestinos e nacionalizar o nome de Caiado com respaldo das igrejas. “Os pastores e bispos de todas as tendências, sabemos que temos uma identidade, um ponto de concórdia, que é exatamente a fé em Cristo e o respeito pelo ser humano. É o nosso compromisso maior”, afirmou o goiano.

O foco no discurso foi segurança pública — tema caro ao eleitorado conservador. Caiado afirmou que “resolveu o problema” em Goiás e prometeu levar a mesma linha de ação ao cenário nacional, caso eleito.

A frente evangélica, no entanto, não está unificada. De um lado, Otoni de Paula representa a Convenção Nacional das Assembleias de Deus Ministério de Madureira (Conamad), a segunda maior do país, com potencial para abrir portas para Caiado num eleitorado que pode representar 35,8% da população em 2026, segundo estudo da Mar Asset Management. De outro, nomes como Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, mantêm lealdade a Jair Bolsonaro, mesmo com a inelegibilidade do ex-presidente até 2030.

Enquanto Caiado ensaia ocupar o vácuo de Bolsonaro, Malafaia e parte da bancada evangélica ainda resistem a abraçar um novo nome. “Não é hora de abandonar o barco”, dizem nos bastidores, reforçando a expectativa de que Bolsonaro continue sendo o líder informal da direita.

Há ainda a influência do Republicanos, partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, de Edir Macedo. Embora mais institucional, esse grupo também hesita em endossar um projeto alternativo ao bolsonarismo.

A estratégia de atrair evangélicos já vinha sendo testada por Caiado em 2024, durante a disputa pela prefeitura de Goiânia. Ele apoiou Sandro Mabel (União), que enfrentou Fred Rodrigues — candidato bolsonarista com forte ligação às igrejas pentecostais. Mesmo com a derrota de Mabel, Caiado sinalizou que manterá a aposta no campo religioso para 2026.

O movimento do governador revela um esforço para disputar o eleitorado conservador em território petista. Em meio à fragmentação da base bolsonarista e à crescente rejeição ao governo Lula, a pré-campanha de Caiado busca preencher o espaço de um novo nome da direita “de gestão”, conservador nos costumes e pragmático no discurso.

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