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Brasil tem mais de 700 pontes em estado ruim ou crítico; qual o estado do governo Lula?

A queda da ponte Juscelino Kubitschek, entre Tocantins e Maranhão, despertou o país para a precária gestão da infraestrutura rodoviária Brasil afora. Não que seja novidade, mas uma coisa é falar de rodovia esburacada, com concreto soltando, sem acostamento — eu mesmo quase fui vítima de um acidente grave neste fim de ano por essa infra precária –, outra é ver pontes caindo por problemas estruturais ou falta de manutenção. A Polícia Federal tem a missão de apurar as responsabilidades por esse episódio trágico, que deixou até agora 12 mortos e cinco desaparecidos, mas o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) precisa urgentemente impedir que algo assim volte a ocorrer.

Não se trata de caso isolado. O próprio relatório gerencial do DNIT indica que 727 pontes em várias regiões do país apresentam situação crítica ou ruim. A estrutura que ligava as cidades de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA) estava classificada pelo órgão na categoria 2, de condição ruim. Se o que estava apenas ‘ruim’ colapsou, imaginem as pontes que estão ‘críticas’! De outra forma, se o estado da ponte Juscelino Kubitschek foi subavaliada, como ficam as demais? São mais de 700 tragédias anunciadas.

No levantamento do DNIT, por exemplo, o Ceará aparece com 77 pontes em estado crítico ou ruim, enquanto Pernambuco tem 60, seguido por Minas Gerais (59) e Pará (56). Há casos de pontes sem qualquer avaliação, fora as estruturas de madeira que nem entram no cálculo.

A primeira pergunta que me vem à mente é o que exatamente o DNIT de Lula tem feito nos últimos dois anos? Denúncias sobre as condições da ponte já eram feitas há dez anos e um relatório elaborado em 2020 atestou fissuras em todas as colunas. Fabrício Galvão, diretor-geral do órgão, diz que monitora mais de 6200 pontes pelo Brasil. “A gente avalia todas, a gente acompanha, a gente interdita, a gente trabalha com todas as pontes, né? A gente gerencia isso diariamente com nossas superintendências”, afirma.

O DNIT informa também que, entre novembro de 2021 e novembro de 2023, manteve vigente um contrato de manutenção no valor de R$ 3,5 milhões e que previa reparos nas vigas, laje, passeios e pilares da estrutura. Outro contrato de manutenção da BR-226/TO ainda estaria em vigência, até julho de 2026, e nele há previsão de execução de serviços com o “objetivo de melhorar a trafegabilidade e dar mais segurança aos usuários da rodovia.” Algo foi feito? Em maio de 2024, o órgão lançou edital, no valor de cerca de R$ 13 milhões, para a “elaboração dos estudos preliminares, projeto básico e executivo de engenharia e execução das obras de reabilitação” da ponte. Ninguém apareceu!

Por que, então, a ponte não foi interditada? “Essa é a pergunta que o Dnit está investigando para buscar a resposta”, diz Galvão, que, dias atrás, anunciou a contratação emergencial de um consórcio para construir uma nova ponte. Sem licitação, a obra deve custar ao menos R$ 171 milhões, 13x o custo do último contrato de reabilitação. Ou seja, além das vidas ceifadas pela incompetência, omissão ou mesmo negligência de quem ocupa funções públicas estratégicas, a conta mais alta será paga pelo trabalhador.

Até agora, ninguém foi punido, ninguém foi demitido. Lula apenas disse que acompanha “com muita atenção” os desdobramentos do caso, enquanto seu ministro dos Transportes, Renan Filho, visitou o local vestindo o manjado colete de trabalho. Foi acompanhado no dress code das anunciadas tragédias brasileiras pelos governadores Wanderlei Barbosa (Tocantins) e Carlos Brandão (Maranhão). Sugiro que adotem a vestimenta também os prefeitos de Estreito e Aguiarnópolis, seus vereadores, além dos senadores e deputados federais de ambos os estados, que devem dividir a responsabilidade sobre o ocorrido e que nada fizeram antes para impedir que ocorresse.

Sugiro ao cidadão, desamparado, que consulte o relatório gerencial do DNIT para verificar a situação das pontes em seus estados e, se possível, denuncie AQUI. O lema “civil apoia civil” permanece inabalável. 

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Claudio Dantas

Claudio Dantas

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