O Banco Central (BC) seguirá com a política de juros elevados para tentar conter a inflação, que deve permanecer acima do teto da meta nos próximos seis meses. A afirmação foi feita nesta segunda-feira (17) pelo diretor de Política Monetária do BC, Nilton David, durante o evento “Plano de Voo 2025”, em São Paulo.
Nilton destacou que as incertezas do mercado financeiro diminuíram desde dezembro, quando o dólar ultrapassou R$ 6,00, mas defendeu a necessidade de uma Selic elevada por mais tempo para garantir a estabilidade econômica. A projeção do BC é que a inflação feche 2025 em 5,2%, bem acima da meta de 3% e do teto de 4,5%.
“[Serão] Meses desafiadores. E [esperamos] que depois convirja, no nosso horizonte, na meta, que é basicamente o 3º trimestre do ano que vem, para 4%, ainda acima do centro da meta, mas já dentro do intervalo”, afirmou.
O diretor também comentou sobre a volatilidade do real frente ao dólar, afirmando que outras moedas também foram impactadas no fim do ano com o aumento de risco.
Sem mencionar diretamente a posse de Donald Trump nos Estados Unidos, Nilton disse que houve muita ansiedade nos mercados financeiros no início de 2025.
“Eu tinha um chefe que sempre falava que o monstro costuma ser menos feio quando você acende a luz. Acho que, ainda que as incertezas estejam longe de serem dirimidas, o fato é que, hoje, parecem menos incertas que estavam ali em dezembro”, declarou.
Taxa Selic
O Banco Central elevou a Selic para 13,25% ao ano em janeiro e já sinalizou nova alta para 14,25% em março. O mercado financeiro projeta que os juros básicos atinjam 15% ainda neste ano, o maior patamar desde 2006. O objetivo da política monetária é conter a inflação, mas o próprio BC admitiu que não conseguirá cumprir a meta de 3% em junho.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que sempre criticou os juros elevados, declarou na última quarta-feira (12) que “Galípolo vai ‘consertar’ os juros, mas precisa de tempo”. Antes de assumir a presidência do BC, Gabriel Galípolo era um dos principais críticos da condução da política monetária sob Roberto Campos Neto, seu antecessor.