Primeiro empresário recebido por Lula ao assumir o terceiro mandato na Presidência e maior doador individual da campanha petista, Rubens Ometto também lidera as visitas, fora da agenda, ao Palácio do Planalto. Foram ao menos 6 até agora, segundo informações obtidas via Lei de Acesso à Informação. Em alguns casos, não há sequer o registro de saída. Certas visitas coincidem com a presença de outros empresários e ministros em agendas comuns com o presidente.
Em junho, Ometto ganhou as manchetes ao criticar a política arrecadatória do atual governo. “Do jeito que está, com o governo querendo meter a mão, querendo taxar tudo, não dá”, disse. A declaração foi dada em evento com empresários, organizado pelo Grupo Esfera. Nove dias antes, o empresário esteve com Lula e Fernando Haddad no Palácio do Planalto, numa reunião também fora da agenda oficial.
O bilionário dos ramos de energia e infraestrutura também viralizou dias atrás ao criticar duramente o Banco Central por voltar a subir a taxa Selic. Durante a Lide Brazil Conference, evento realizado por Folha, UOL e Grupo Lide em Londres, chegou a dizer que seu grupo não fará novos investimentos, com os juros no atual patamar.
Outras reuniões informais no Planalto ocorreram em dias de eventos oficiais em Brasília, como as posses dos ministros Cristiano Zanin (03/08/23) e Flávio Dino (22/2/24) no Supremo. Ometto também esteve no Planalto em 22 de dezembro de 2023, quando também esteve Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco. O horário de entrada coincide com uma reunião do presidente com seu ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
A assessoria da Presidência pondera que “a entrada no Palácio do Planalto não quer dizer, necessariamente, reunião com o presidente da República”. “A pessoa pode se reunir com outros órgãos que funcionam no Palácio, como a Casa Civil e a Secretaria de Relações Institucionais”, diz.
De fato, o registro de entrada sob responsabilidade do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) não identifica o destino final do visitante, que, muitas vezes, desconhece a ausência de registro oficial, a cargo das respectivas assessorias, seja do presidente ou de algum ministro. A justificativa oficial, porém, não resolve o problema de falta de transparência do próprio governo ao receber agentes privados.