Não há feriado para as partes envolvidas na disputa pela Eldorado Celulose, que vivem momento de forte tensão antes da audiência de conciliação da próxima segunda-feira 18. Nem para o relator, ministro Nunes Marques, citado hoje em reportagem do UOL sobre diálogos do empresário Andreson de Oliveira Gonçalves com o advogado Roberto Zampieri, ambos investigados por suspeita de venda de influência em decisões judiciais.
Na matéria, o site diz que analisou 9 mil mensagens trocadas entre os dois, mas que não encontrou documentos sigilosos ou informações comprometedoras. Há ainda a menção a um suposto perfil de Nunes Marques no WhatsApp, mas o ministro garante que seria falso e que não conhece os envolvidos.
Em outra matéria, publicada na coluna de Lauro Jardim no Globo, informa-se que o Conselho Diretor da Superintendência Regional do Incra em Mato Grosso do Sul, em processo administrativo encerrado anteontem, concluiu que a “alteração do controle acionário” da companhia deveria ser precedido por autorização do Incra e do Congresso Nacional, com base na chamada Lei de Terras. A tese, avalizada pelo TRF-4, virou o cavalo de batalha da J&F para impedir a conclusão do negócio.
A Folha, por sua vez, trouxe ontem entrevista em que Cláudio Cotrim, diretor-presidente da Paper no Brasil, diz que formalizou junto à AGU e ao Ministério de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar o compromisso de, quando a Paper assumir 100% das ações, vender as terras associadas à companhia, convertendo os contratos de arrendamento em parceria rural. “Dessa forma, a gente soluciona de uma vez o problema. A terra representa 0,6% do valor de um negócio de R$ 15 bilhões. É irrelevante. Nosso negócio não é terra. Não precisamos de terras”, afirmou.
A disputa entre Paper e J&F é inédita no país, assim como também é uma novidade a audiência de conciliação entre partes privadas proposta por Nunes. Ninguém, de fato, acredita ser viável algum acordo nesta segunda-feira, o que deve arrastar o imbróglio por mais alguns meses — ou anos — até o plenário do Supremo.