O ditador Nicolás Maduro mandou convocar seu embaixador em Brasília, Manuel Vadell, para consultas após o veto do Brasil à entrada da Venezuela no Brics. Em sua comunicação oficial, o regime bolivariano acusa Celso Amorim, assessor internacional de Lula, de se comportar como “mensageiro do imperialismo norte-americano”, dedicando-se a “agressões constantes” com “juízos de valor sobre processos que correspondem somente aos venezuelanos e venezuelanas”.
Na diplomacia, a convocação para consultas é um ato de protesto grave.
Em audiência na terça-feira (29) na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara, Amorim disse que autoridades venezuelanas estão “acusando injustamente” o Brasil por barrar a adesão do país vizinho aos Brics. Ele ressaltou que o governo concordou com a entrada de Cuba. “Existe esse mal-estar — que eu mesmo estou dizendo aqui e estou repetindo –, que eu espero que possa se dissolver à medida que as coisas se normalizem”, afirmou.
Amorim se referia ao processo eleitoral venezuelano, eivado de irregularidades. O assessor foi enviado como observador das eleições, mas silenciou num primeiro momento sobre a postura de Maduro. Após pressão interna e também dos EUA, o governo brasileiro ponderou sobre o episódio, embora o PT tenha declarado apoio ao ditador venezuelano e chegou a parabenizá-lo numa declaração assinada pelos partidos integrantes do Foro de São Paulo.
“Voltei para o Brasil já num clima de incerteza. O fato é que não se deu publicidade aos resultados de maneira detalhada. As atas não foram publicadas, o princípio da transparência não foi respeitado.”
Desde então, as relações azedaram. Tarek William Saab, o PGR venezuelano, chegou a acusar Lula de ser um agente da CIA.