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Zuckerberg adota discurso de Musk, “liberdade de expressão” na Meta com indireta para o Moraes

Em vídeo postado em sua conta no Instagram, Mark Zuckerberg, chefe executivo da Meta, anunciou o fim da política de censura adotada especialmente durante as eleições de 2020 e a pandemia em suas redes sociais Facebook, Instagram e Threads.

“Os governos e a imprensa tradicional fizeram pressão para censurar cada vez mais”, disse o executivo. “Muito disso claramente é político”.

Ele explicou que construiu sistemas complexos para moderar conteúdo em suas redes sociais, mas que eles “cometem erros” e houve “erros demais e censura demais”.

Zuckerberg foi franco a respeito da influência dos resultados das eleições americanas de novembro, que trouxeram Donald Trump de volta ao poder, em sua decisão. Para o criador do Facebook, os resultados sugerem uma vontade renovada da população do país de “priorizar a expressão”.

“Vamos voltar às nossas raízes, reduzir os erros, simplificar nossas políticas e restaurar a liberdade de expressão nas nossas plataformas”, prometeu o bilionário.

A primeira ação concreta anunciada por Zuckerberg é inspirada nas ações de Elon Musk após comprar o Twitter (X): livrar-se da influência dos checadores de fatos e substituí-los por Notas da Comunidade. Ele admite é “similar ao X” e será implementado primeiro nos EUA. A inspiração não se encerra aí: a moderação de conteúdo da Meta também será removida da Califórnia e mudada para o Texas.

“Os checadores de fatos se mostraram muito tendenciosos politicamente e destruíram mais confiança do que inspiraram”, criticou Zuckerberg. Ele também mencionou a onda censória do identitarismo: “o que começou como um movimento para ser mais inclusivo foi usado cada vez mais para calar opiniões e pessoas com ideias diferentes, foi longe demais”.

O CEO da Meta prometeu, também, deixar postagens sobre política voltarem a circular livremente em suas redes sociais.

“Finalmente, vamos trabalhar com o governo Trump para resistir a governos ao redor do mundo que perseguem empresas americanas e fazem pressão por mais censura”, disse Zuckerberg, que defendeu o modelo americano de liberdade de expressão. “A Europa tem um número crescente de leis instituindo a censura e dificultando a construção de qualquer coisa inovadora lá”, disse ele, estendendo a crítica à China.

Em uma indireta a Alexandre de Moraes, o empresário disse que “países latino-americanos têm cortes secretas que podem mandar as empresas removerem coisas silenciosamente” — uma referência às ordens judiciais secretas de censura do ministro que causaram as críticas de Elon Musk e, por fim, o banimento do X no Brasil por 40 dias em 2024.

“Os últimos quatro anos foram difíceis porque até o governo americano fez pressão pela censura”, disparou Zuckerberg contra a gestão de Joe Biden. “Ao perseguir a nós e outras empresas americanas, estimularam outros governos a irem mais longe. Mas agora temos a oportunidade de restaurar a liberdade de expressão, e estou empolgado para aproveitá-la”.

A censura progressista também foi derrotada na ciência

Como sugere o gráfico abaixo de menções na imprensa anglófona das palavras “desinformação” e “discurso de ódio”, a obsessão de censura a expressões rotuladas com esses termos foi uma arma política cínica da “esquerda” (ou “progressismo”) entrincheirada na imprensa, nas universidades e nas instituições contra a escolha livre e democrática dos eleitores pelo projeto populista e nacionalista.

Essa arma política cínica, que só pode ser censura por causa da maleabilidade desses termos, atingiu sua forma mais perigosa na forma das leis que Zuckerberg mencionou. No Brasil, quase passou em regime de emergência o Projeto de Lei das “Fake News” (2630/2020), e há outros projetos similares tramitando no Congresso.

Os “especialistas em desinformação” e “checadores de fatos”, ativistas institucionalizados com verniz científico, já estão caindo em descrédito na própria ciência, como sugere uma publicação do ano passado.

O estudo publicado na Nature, intitulado “Desentendimento dos danos da desinformação online”, desmonta três crenças amplamente disseminadas por especialistas em desinformação:

  1. A exposição à desinformação seria massiva e crescente, alegam

Os autores do estudo, liderados por Ceren Budak, argumentam que a exposição à desinformação é muito menor do que se acredita. Eles mostram que estatísticas alarmantes usadas na mídia são distorcidas. Por exemplo, a alegação de que um vídeo enganoso de Joe Biden teve 17 milhões de visualizações é desproporcional quando comparada ao total de engajamento nas redes sociais, onde isso representa uma fração ínfima. Estudos citados indicam que apenas uma minoria está regularmente exposta a desinformação, e essa exposição não tem crescido como afirmam alguns especialistas.

  1. Os algoritmos seriam responsáveis pela polarização e extremismo, alegam

O estudo desafia a noção de que os algoritmos de redes sociais criam bolhas ideológicas. Dados experimentais mostraram que usuários que consomem conteúdo cronológico não são menos polarizados do que aqueles que usam algoritmos. Além disso, o algoritmo do YouTube, frequentemente criticado, recomenda conteúdos menos extremistas do que se imaginava. Assim, a ideia de que as redes “forçam” o usuário a consumir conteúdo extremista é exagerada.

  1. As redes sociais estariam esgarçando o tecido social, alegam

Apesar de algumas análises correlacionarem redes sociais a problemas como deterioração da saúde mental, o estudo considera que a causalidade é fraca. Por exemplo, em regiões como a Bósnia, o uso reduzido do Facebook não diminuiu a polarização, e, em alguns casos, até aumentou desconfianças entre grupos. O estudo conclui que são as crenças prévias dos usuários que determinam o consumo de desinformação, e não o contrário.

Os autores alertam que esses equívocos sobre desinformação estão influenciando políticas públicas em diversos países, como Brasil e Alemanha, promovendo medidas que podem ser vistas como censura.

Em resumo, o estudo da Nature contesta o alarmismo em torno da desinformação e sugere que as ações regulatórias baseadas nesses pressupostos podem ser desnecessárias e até contraproducentes.

Qualquer que seja o papel do Estado, sua história de interferência na expressão ao longo dos séculos mostra com clareza que ele não merece confiança para ser o tutor da verdade.

A decisão de Zuckerberg só aponta que Elon Musk acertou ao eleger a liberdade de expressão o principal valor a ser estimulado nas redes sociais, e é mais um merecido sinal de enfraquecimento do woke nos nossos tempos. Que venham os novos tempos de debates abertos!

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Eli Vieira

Eli Vieira

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