O dólar atingiu R$ 6,20 nesta terça-feira (17), apesar das intervenções do Banco Central (BC), que injetou US$ 3,28 bilhões no mercado de câmbio em dois leilões extraordinários. A alta da moeda ocorreu após a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a Selic para 12,25% e sinalizou uma política monetária mais restritiva nos próximos meses.
O Banco Central realizou duas intervenções no mercado, vendendo US$ 1,27 bilhão no primeiro leilão e US$ 2,01 bilhões no segundo, após o dólar atingir o pico de R$ 6,207.
PT contra o mercado financeiro
Aliados do presidente Lula cobram do Banco Central intervenções mais firmes no câmbio, acusando o mercado de especulação.
A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), criticou o Copom pela decisão e pela avaliação sobre a política fiscal. “Quem está ‘desancorado’ da realidade é o Copom do BC”, afirmou. Gleisi classificou a ata como “um tapa na cara da população” e acusou o mercado de “sequestrar a política econômica” do governo.
“O Brasil precisa de uma política econômica mais realista, eficaz e que não se curve às chantagens e ao oportunismo financista”, afirmou a petista.
O deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) anunciou a abertura de um inquérito na Polícia Federal para investigar a alta do dólar. Segundo ele, o objetivo é identificar possíveis “crimes contra o mercado de valores mobiliários”, atribuindo a responsabilidade a um suposto “ataque especulativo” promovido por agentes da “Faria Lima”.
A declaração do deputado gerou reações no X. Usuários contestaram a acusação e a postagem está sinalizado, afirmando que “o câmbio no Brasil é flutuante” e que a alta reflete “oferta e demanda”.
O futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou que a instituição deve agir apenas em casos de “disfuncionalidades”, e que a alta do dólar nem sempre é um movimento atípico.
Efeitos no mercado
A principal preocupação é com a política fiscal. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou um pacote que promete economizar R$ 70 bilhões em dois anos. No entanto, análises apontam que os cálculos podem estar superestimados, e a resistência do Congresso em aprovar as medidas afeta a credibilidade do plano.
A alta do dólar é impulsionada por fatores externos, como a vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos, e incerteza de uma boa relação com o governo petista, mas também por incertezas na economia brasileira. Já que a divulgação da ata do Copom, alertou para o risco de uma inflação persistente. O BC justificou que o real depreciado e a incerteza fiscal exigem uma postura monetária mais rígida.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que a Casa votará ainda hoje a reforma tributária e o pacote fiscal. A declaração ajudou a reduzir a pressão sobre o dólar no fim do dia.
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