Nos dois primeiros anos de seu terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) priorizou reuniões com aliados do governo e lideranças do PT, mantendo distância da maior parte do Congresso. Apenas 104 parlamentares, de um total de 594, tiveram ao menos um registro na agenda presidencial — o equivalente a 17,5%.

Levantamento do Poder360 mostra que os congressistas mais recebidos por Lula foram seus líderes no Legislativo e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, teve 46 encontros com o presidente desde 2023. José Guimarães (PT-CE), líder na Câmara, esteve presente 46 vezes. Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso, foi recebido 32 vezes.

Os ex-presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também figuram entre os mais atendidos, cada um com 17 reuniões. No entanto, com o fim de seus mandatos à frente das Casas, sua influência sobre o governo diminuiu.

Dificuldade de acesso e críticas ao isolamento de Lula

A postura do presidente contrasta com seus primeiros mandatos, quando promovia churrascos e partidas de futebol para estreitar laços com parlamentares. Atualmente, a dificuldade de acesso a Lula tem sido alvo de reclamações, inclusive de aliados, que apontam a primeira-dama, Janja da Silva, como um dos obstáculos à comunicação com o chefe do Executivo.

Lira e Pacheco já manifestaram insatisfação nos bastidores sobre a dificuldade de contato com o petista. Parlamentares de oposição e até mesmo do chamado “Centrão” relatam um presidente cada vez mais isolado, o que prejudica a articulação política do governo.

Com as eleições de 2026 se aproximando, a falta de diálogo pode comprometer o avanço de pautas estratégicas do governo no Congresso. No entanto, segundo apuração do Poder360, Lula não pretende mudar sua forma de atuação em 2025, mantendo sua agenda restrita a poucos interlocutores.