Lula intensifica esforços para estreitar laços com Hugo Motta (Republicanos-PB), favorito à presidência da Câmara em fevereiro, segundo apurações da Folha. A estratégia visa garantir apoio legislativo em meio às disputas sobre emendas parlamentares e pautas sensíveis, como a anistia dos presos de 8 de janeiro.
Apesar das investidas, Motta tem demonstrado postura de independência. “A relação entre Congresso e Executivo será de diálogo, mas sem abrir mão das prerrogativas parlamentares”, afirmou o deputado em dezembro, destacando a autonomia do Legislativo na definição do Orçamento.
A disputa sobre as emendas parlamentares segue como um ponto crítico. Em 2024, as emendas representaram 19,5% das verbas discricionárias, tornando-se um instrumento central de poder político. O veto recente de Lula, que permite o bloqueio de emendas para cumprir o arcabouço fiscal, gerou reação no Congresso. Líderes do Centrão articulam a derrubada do veto, tema que pode testar a relação de Motta com o governo.
A bancada do PL, liderada por Jair Bolsonaro, apoia Hugo Motta, o que aumenta a pressão para que pautas de direita avancem. Um exemplo é o projeto de anistia aos presos de 8 de janeiro, arquivado por Arthur Lira, mas que Motta já indicou estar disposto a discutir. “Não podemos permitir injustiças, mas é um tema a ser analisado com cautela”, disse.
A eleição de Motta e a disputa sobre emendas colocam desafios para Lula na condução de sua agenda no Congresso.