O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta quinta-feira (23) mudanças no Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), como a regulamentação da portabilidade pelo Banco Central, para diminuir custos de intermediação e beneficiar os trabalhadores.
Haddad indicou que ajustes no PAT poderiam gerar uma redução de 1,5% a 3% nos custos relacionados à alimentação subsidiada por empresas. “Se você barateia a intermediação, pode ter um impacto positivo nos preços dos alimentos”, disse o ministro, que acredita em resultados no curto prazo.
Haddad não deu prazo para a implementação das mudanças e evitou detalhar medidas específicas. Ele também negou qualquer uso de subsídios ou gastos públicos para controlar a inflação de alimentos.
A inflação de alimentos em domicílios atingiu 8,23% em 2024, com destaque para o aumento das carnes (+20,84%), café moído (+39,60%) e leite longa vida (+18,83%). Esses aumentos contribuíram para que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficasse acima da meta do Banco Central, encerrando 2024 em 4,83%.
A oposição critica a postura do governo Lula, apontando a falta de medidas efetivas para conter os impactos da inflação sobre a população. Parlamentares da direita questionam o discurso do governo, que aposta em uma boa safra agrícola e na desvalorização do dólar para reduzir os preços.
“É muita confiança em fatores externos e nenhuma ação concreta para aliviar o bolso do trabalhador. O governo insiste em priorizar reformas que não chegam à mesa do brasileiro”, disse um deputado opositor.
Haddad também atribuiu a desvalorização do dólar à especulação. Segundo ele, investidores “comprados em dólar” estão “insatisfeitos” e disseminam “boatarias” sobre possíveis aumentos de gastos públicos para pressionar o mercado. “Transformar essas discussões em política pública exige aprovação de ministros, do presidente e do Congresso. Não há nada nesse sentido”, declarou.
A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) já sugeriu medidas para conter a alta de preços, mas o ministro foi categórico: “É preciso avaliação ministerial para que propostas virem políticas públicas”.