Com candidatos próprios em apenas quatro das 15 capitais, o PT optou por estratégias diferentes em cada cidade, especialmente onde os dois candidatos finalistas são de partidos de direita. Em Curitiba, embora não declare apoio ostensivo, o PT prefere apoiar Eduardo Pimentel (PSD) em detrimento de Cristina Graeml (PMB), cuja candidatura foi abençoada por Jair Bolsonaro. Em Goiânia, da mesma forma, há uma tendência discreta de apoio a Sandro Mabel (União Brasil), contra o bolsonarista Fred Rodrigues (PL).
Em Campo Grande, a legenda de Lula mostrou maior afinidade com Rose Modesto (União Brasil), mas decidiu não apoiá-la, o que permitiu a ela conquistar votos conservadores relevantes. Já em Porto Velho, a disputa entre Mariana Carvalho (União Brasil) e Leo Moraes (Podemos) deixou o partido sem apoiar nenhum dos candidatos. A opção por manter neutralidade em certas cidades é em parte uma estratégia para evitar que o partido tome posições que possam prejudicar possíveis alianças políticas no futuro, principalmente em um cenário eleitoral tão polarizado quanto o atual.
Qual seria o impacto dessa neutralidade nas próximas eleições?
O secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto, disse que a neutralidade em algumas cidades é para facilitar acordos estratégicos para as eleições de 2026. Essa postura pode ajudar o partido a manter alianças regionais sem prejudicar suas iniciativas nacionais. Ainda assim, tais decisões nem sempre são aceitas por todos dentro do partido, o que gera divisões internas.
É fundamental ressaltar que, embora o PT tenha optado por não interferir em diversas regiões, essa estratégia nem sempre é bem recebida por todos os grupos internos, o que gera divergências entre os filiados. Em municípios como João Pessoa e Aracaju, por exemplo, o partido escolheu um lado, porém não obteve consenso entre todos os membros locais.
Depois do término do segundo turno das eleições, o PT precisa analisar suas estratégias e os resultados alcançados em cada capital. As decisões tomadas agora podem influenciar diretamente as alianças e apoios futuros, principalmente em um contexto político que ainda enfrenta os efeitos da polarização dos últimos anos.