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COTA DE TELA para TODOS!

Por Newton Cannito*

 

O debate sobre a Cota de Tela para o Cinema Brasileiro, que voltou com força após o decreto de Lula de 22 de dezembro, revela a tragédia de uma nação polarizada que caminha rapidamente para perder sua soberania política e cultural. Cota de Tela é um mecanismo que garante espaço para o cinema brasileiro em salas de cinema. É uma medida de proteção da indústria audiovisual nacional praticada na maioria dos países desenvolvidos..  A indústria de cinema francês, por exemplo,se beneficia disso. EUA e Índia não tem cota de tela, mas é porque o seu cinema já é hegemônico em suas salas.

Eu defendo cota de tela há 30 anos e continuo defendendo.  Antigamente a medida era criticada por liberais que acreditam no livre mercado. É um debate interessante e que devemos fazer.   Mas, hoje, a crítica da direita é outra. O que a Direita afirma é que o cinema brasileiro é , principalmente, propaganda ideológica de esquerda. E que, portanto, a cota de tela é apenas mais um mecanismo de propaganda política. Isso, infelizmente, virou verdade. Mas não precisa ser verdade para sempre. Não podemos destruir o cinema brasileiro, precisamos libertá-lo.

Pois o fato é que o cinema brasileiro de hoje é todo controlado por instituições que acreditam na ideologia woke e a utilizam como critério para seleção de filmes e  realizadores.  Se voce se arriscar a ver  uma leva dos filmes brasileiros de hoje em um Festival de Cinema terá a impressão que vivemos na Africa do Sul do Apartheid e que a principal problema do povo brasileiro é o racismo e a transfobia.  O grosso da produção brasileira, os chamados “filmes independentes” , vive  num mundo paralelo,um transe woke. Pelos critérios atuais de fake news – que considera narrativas enviesadas e opiniões como “notícias falsas” – o cinema brasileiro pode ser definido como uma imensa fake news, atuando como ativista em um dos lados da Guerra Cultural que divide nosso país.

A dominação da ideologia Woke, obviamente, afastou o cinema brasileiro de seu público. É um fiasco histórico.  Mesmo produzindo muitos filmes, chegamos a apenas 4%do mercado. Esse ano melhorou um pouco ,mas apenas pelo sucesso de dois filmes :  “Farofeiros 2” e  “Minha irmã e eu”, ambos comédias populares que fugiram da temática woke. Esses dois sucesso mostram que, se o cinema brasileiro , se libertar do domínio dessa ideologia importada  e voltar a conversar com seu povo,  poderá reconquistar o seu publico e fazer o que se espera da cultura nacional:  provocar diálogos e unir a nação.

O que temos que entender é que não podemos destruir a cultura brasileira apenas porque ela ficou , temporariamente, dominada por uma ideologia. Ao contrário, temos que libertar a arte dessa dominação. A Lei da cota de tela, no modelo atual, pode ajudar nisso. Ela não obriga o cinema a passar um determinado filme brasileiro. Ela garante ao exibidor o direito de escolher o filme que quer passar e ele escolherá a partir do diálogo com o público.

O que a direita brasileira tem que entender é que nem todo artista é de esquerda ou fanatico woke. O que aconteceu é que, como os Wokes controlam as instituições e como eles perseguem quem discorda deles, todos os outros ficaram calados. Mas isso está acabando. Desde que lançamos o Manifesto Anti Woke pela Liberdade da Criação (em outubro), muitos artistas têm nos procurado e criado coragem para enfrentar a perseguição woke. Nos próximos anos viveremos uma verdadeira revolução cultural que voltará a dar diversidade estética para nosso audiovisual. E que, mais do que apenas inserir os “artistas de direita”, deve favorecer filmes e artistas livres de qualquer ideologia e que, por isso, possam voltar a ser polêmicos e provocar diálogos.

Pois, para além do debate entre esquerda e direita, podemos ter alguns consensos. Em especial, a defesa da soberania econômica e cultural de nossa nação. Sem isso, viraremos apenas escravos de outros povos, sem gerar riqueza e sem poder exercer nossa cultura. Hoje, no entanto, a alienação é tão grande que conheço pessoas que acham que tudo bem destruir a nação. “O Brasil é uma merda mesmo. Porque não destruir de vez.”.  Mal sabem eles que destruir a nação é perder a autonomia para gerar nossa própria riqueza (ou seja, é aceitar que é colônia e que é escravo) e perder nossa cultura, nosso jeito de viver, nossa própria definição de felicidade.

Para o colonizador estrangeiro, a guerra cultural serve para isso: é o famoso “dividir para reinar”. Hoje, a polarização política se efetiva no conflito entre agronegócio e cultura. A cultura é para a direita, o mesmo que o agronegócio é para a esquerda. Ambos são setores fundamentais para qualquer projeto nacional de desenvolvimento e riqueza para nossa nação. Mas, num país polarizado, ambos são atacados internamente. O agronegócio francês adora ver brasileiros de “esquerda” que são inimigos do agronegócio brasileiro. E a indústria de cinema americano comemora os brasileiros de “direita” que são inimigos do cinema brasileiro.

Assim, em vez de defender nossa soberania e nossa nação, o debate político polariza e se perde na Guerra Civil Cultural.

Enquanto continuarmos divididos, continuaremos dominados. Podemos e devemos discutir política interna, mas temos que nos aliar na defesa soberana de nossa nação, de nossa economia e nossa cultura. Sei que alguns gostam de pensar que o Brasil é um país pacifico. Mas isso não existe! E por acreditar nesse mito que nos deixamos invadir sem luta. Sem potência para defender os interesses de nosso povo, o Brasil se perde em uma guerra civil interna, feita de violência física e Guerra Cultural.

A solução, no entanto, está na nossa frente. Basta assistir ao sucesso “Minha irmã e eu”  que você entenderá. Afinal, é um filme que mostra o diálogo entre o Agro e a cultura, uma irmã de Goiás e uma do Rio, o litoral e centro, o progressista e o conservador. É uma história que concilia os dois lados da nação e, por isso, foi um sucesso. E esse diálogo que a cultura pode fazer, construindo pontes de união para defender nossa cultura e nosso povo. Assim, a cota de tela deixará de ser uma lei que interessa apenas a realizadores de esquerda que fazem propaganda ideológica woke e se tornará uma lei que garanta acesso do povo a sua cultura e um mecanismo de geração de riqueza para a nação.

Mas, para isso, temos que voltar a discutir a ideologia dos filmes, um debate que hoje está censurado. Hoje, no ambiente profissional do cinema basileiro, você dizer que um filme é da ideologia woke você será imediatamente acusado de ser de extrema direita, fascista, racista ,etc…E isso significa cancelamento profissional e falta de trabalho. Essa é a realidade que estamos superando.

Quando a classe de realizadores audiovisuais debate o atual fracasso do cinema brasileiro gosta de atribuí-lo ao streaming, à crise das salas etc, mas isso tudo é apenas para fugir do assunto. Também tem streaming na Coreia do Sul e isso não impediu seu audiovisual de ser sucesso no mercado interno e mundial.  O que muda no cinema e na televisão coreanos em relação ao brasileiro é o fato deles não serem escravos da ideologia woke e centrarem seus esforços em contar uma boa história. O fracasso do cinema brasileiro é, principalmente, porque nos deixamos ficar reféns da ideologia woke que não dialoga com o público.

Em um ambiente onde quase 100% dos filmes financiados com dinheiro público irradiam a ideologia woke, pode ser a hora de garantir uma cota de tela para os artistas livres! E assim teremos uma cota de tela que garanta filmes bons para todos os brasileiros!

* Newton Cannito é cineasta, roteirista e criador da Artistas Livres.

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